O JPMorgan alterou a recomendação de M.Dias Branco (MDIA3) de overweight (exposição acima da média do mercado, equivalente a compra) para neutro.
O banco também reduziu o preço-alvo de R$ 45 para R$ 34 por ação, o que ainda representa um potencial de valorização de 20% em relação ao fechamento de segunda-feira (1).
A equipe de pesquisa do banco acredita que a perspectiva de lucros da M.Dias Branco deve se deteriorar mais rapidamente do que o previsto. Essa deterioração é resultado da combinação de queda nos preços e aumento dos custos das matérias-primas, impulsionado pela desvalorização do real.
Redução de volume da M.Dias Branco
Embora a M.Dias Branco tenha defendido com sucesso sua participação de mercado, o JPMorgan acredita que os volumes vão diminuir gradualmente, à medida que a empresa passa a focar mais na proteção de preços e margens.
Com preços e volumes enfrentando desafios no curto prazo e custos provavelmente aumentando, os analistas esperam que as margens Ebitda fiquem significativamente abaixo dos 16% inicialmente previstos, atingindo 14,4% em 2024.
O banco reduziu suas estimativas para o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) da M.Dias Branco em 13%, passando para R$ 1,491 bilhão, e para o lucro líquido em 14%, chegando a R$ 950 milhões. Esses valores são aproximadamente 12,9% e 12,5% abaixo do consenso, respectivamente.
Assim, os analistas do banco acreditam que as ações da M. Dias Branco não se recuperarão de forma consistente até que ocorra uma estabilização do real e haja maior clareza sobre a capacidade da empresa de aumentar os preços para recuperar a rentabilidade. Esse processo pode levar mais tempo do que o esperado devido ao ambiente desafiador de preços.
As ações estão sendo negociadas a um múltiplo de Preço/Lucro (P/L) de 10,3 vezes, o que não é excessivamente alto quando se considera o preço-alvo, que resulta em um P/L de 14 vezes.
Lucro da M. Dias Branco (MDIA3) sobe 121,6% e chega a 154,9 mi no 1T24
A M. Dias Branco (MDIA3) fechou o primeiro trimestre deste ano (1T24) com um lucro líquido de R$ 154,9 milhões. Esse valor representa um aumento de 121,6% em relação ao mesmo período do ano anterior.
A empresa é líder no segmento de massas e biscoitos, responsável por marcas como Piraquê, Adria e Vitarella.
A margem bruta da companhia também apresentou crescimento significativo, passando de 27,1% para 36,6% na comparação anual. Em contrapartida, a receita líquida da M. Dias Branco no 1T24 registrou uma queda de 14%, totalizando R$ 2,1 bilhões, segundo balanço divulgado pela empresa.
O balanço da M. Dias Branco diz que essa redução ocorreu porque houve, principalmente, diminuição do preço médio em categorias sensíveis aos preços das commodities, como farinha e farelo de trigo, margarinas e gorduras, além da interrupção programada das operações em janeiro. O óleo de palma, por exemplo, recuou significativamente em comparação ao ano anterior, refletindo uma queda média de 34% no custo das matérias-primas.
O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) atingiu R$ 277,3 milhões, representando um aumento de 59,6% em relação ao mesmo período do ano anterior. A margem Ebitda da M. Dias Branco no resultado do 1T24 também apresentou um avanço, atingindo 13%.