Magazine Luiza (MGLU3) sofre com ações em queda de 77%; vale a pena agora?

Analistas consultados pelo BP Money explicam motivo da queda abrupta do Magalu nos últimos meses e comentam o momento dos papéis

As ações do Magazine Luiza (MGLU3) têm sofrido desde meados de 2021, dado os fatores macroeconômicos (aumento da inflação e da Selic). A empresa, que viu as ações decolarem no primeiro ano da pandemia, com o sucesso de vendas de seu e-commerce e o cenário favorável de juros baixos à época, vê, agora, os papéis acumularem uma queda cerca de 77,55% nos últimos 12 meses. Analistas consultados pelo BP Money não esperam uma rápida recuperação dos papéis e ainda temem o cenário de médio prazo. 

O analista Victor Bueno, da Nord Research, afirmou que este ainda não é o momento de comprar as ações da varejista, mesmo que elas pareçam mais atrativas devido às quedas recentes. 

“Ainda não faz sentido comprar Magalu, mesmo que o cenário das ações esteja bem mais favorável do que no ano passado. Infelizmente, a gente ainda vê um cenário com a ‘faca caindo’, se optássemos por comprar as ações hoje. Mesmo negociando a múltiplos mais baixos, o cenário de curto e médio prazo para o varejo brasileiro não é positivo. Não vejo gatilhos suficientes para ter confiança e comprar ações do setor de varejo agora. Tudo que parece barato, pode ficar ainda mais barato. Prefiro ver sinais de uma recuperação, para aí sim pensar em comprar suas ações”, disse Bueno. 

O gestor de ações na Garde Asset Management Edoardo Biancheri também diz que existem fatores macroeconômicos que podem afetar as operações da companhia, o que não a torna atrativa neste momento. 

“Magazine Luiza não achamos que é o momento de compra. Apesar de ser um ativo de qualidade, que por essa ótica entra no nosso radar de potencial posição core, ainda achamos que não apresenta um retorno adequado ao risco”, disse Biancheri. 

“O Magazine Luiza tem duration (prazo médio ponderado de recebimento dos fluxos de caixa dos títulos ou papéis, trazidos a valor presente) longo, o que é ruim em um cenário de aperto monetário, e com o comprometimento de renda da população irá sofrer bastante nas linhas brancas”, complementou o analista.   

No final de 2020, quando o cenário da pandemia dava sinais de melhora, com notícias positivas da vacina e uma possível abertura da economia e “volta ao normal”, o Magalu fez uma grande compra de mercadorias (estoques), com a esperança de que as vendas retomariam aos padrões de 2019 (pré-pandemia). As vendas, entretanto, não voltaram ao “normal” até o meio de 2021, por conta da segunda e da terceira onda da covid-19 que atingiram o país. 

Para Bueno, da Nord Research, este fator foi um dos responsáveis pelo início da queda da empresa.

“O Magalu ficou com uma grande quantidade de mercadorias no seu estoque e teve que fazer provisões dentro dos seus resultados no ano passado, que derrubaram os seus resultados. Isso impactou diretamente os fundamentos da empresa e prejudicou os interesses dos investidores, que viram a inflação já comprimindo as margens, a questão da provisão trazendo os resultados ainda mais para baixo e as vendas em lojas físicas em queda (maior fonte de rentabilidade para o Magalu). São vários fatores que contribuíram para as quedas desde o meio do ano passado”, afirmou.

Magazine Luiza e outras varejistas brasileiras também têm sofrido

Recentemente, e-commerces da Ásia ganharam força no Brasil, como é o caso do AliExpress e da Shopee. Isso acabou impactando as varejistas brasileiras que apostam no e-commerce, já que as estrangeiras conseguem vender produtos com um ticket médio mais baixo. 

“Temos grandes empresas no nosso País, como Magalu, Via e Lojas Americanas, que já vinham sofrendo com a concorrência externa com a entrada da Amazon, do Mercado livre e agora também temos a entrada dos asiáticos. Agora com a Shopee e a Aliexpress, a preocupação das varejistas brasileiras em continuar ali mantendo as suas receitas e seus resultados aumenta”, explicou Victor Bueno, da Nord.

Veja também: Magazine Luiza (MGLU3) quer mais varejistas para melhorar resultados

O especialista destaca que existe um cenário de curto e médio prazo muito desafiador para as varejistas brasileiras. “Temos um cenário macroeconômico muito desfavorável para o crescimento dessas empresas, para a melhora dos seus fundamentos, para uma retomada mais acelerada dos seus números e resultados”, afirmou Bueno, considerando o cenário de inflação alta e a consequente alta dos juros, que impactam diretamente as operações dessas companhias.

Segundo o analista, a questão dos juros é uma das mais importantes para as varejistas (como a Magazine Luiza), já que, junto à inflação, ela reduz o poder de consumo da população. A concorrência mais agressiva de empresas de fora do Brasil também é somada aos desafios das varejistas brasileiras no curto e médio prazo. 

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