Magazine Luiza (MGLU3) demite fundadores do Kabum por justa causa

Magalu diz que irmãos estavam trabalhando em uma nova empresa, concorrente da companhia

O Magazine Luiza (MGLU3) decidiu pela demissão por justa causa de Thiago e Leandro Ramos, fundadores do site Kabum, após ter suspendido os irmãos por 30 dias. O contrato entre Kabum e a dupla seguia normas regidas pela CLT.

De acordo com  informações do jornal “Valor Econômico”, logo depois de confirmada a rescisão, eles entraram com uma ação trabalhista, alegando que o desligamento foi, na verdade, sem justa causa. Por isso afirmam que devem ter acesso a todas as verbas rescisórias, bônus, e ainda alegam danos morais.

Dentre as alegações da varejista, para sustentar que há razões para a justa causa, está de que os irmãos estavam, em paralelo ao trabalho no Kabum, trabalhando em uma nova empresa, concorrente da companhia, informa na ação na Justiça do Trabalho. Os fundadores negam.

Na ação trabalhista, que o Valor teve acesso, o pedido é para que a demissão seja entendida como “imotivada”, mudança que engatilharia, como consequência, uma série de pagamentos aos fundadores do Kabum.

A defesa dos irmãos Ramos, feita pelo escritório Warde Advogados, reforça na ação trabalhista um argumento já colocado em ação anterior, de que houve retaliação por parte do Magalu, quando o grupo foi notificado sobre o ajuizamento do processo da dupla contra o Itaú BBA. Os irmãos alegam que não foram bem assessorados na venda do Kabum ao Magazine

O banco, desde então, nega as acusações, afirma que a dupla faz “manobras” porque não tem provas e, mais recentemente, partiu para o ataque, afirmando que houve má-fé por parte do irmãos.

Eles colocam também que haveria a necessidade de pagamento de uma parcela contingente, que constaria no contrato de compra e venda da Kabum, algo que seria da ordem de R$ 1 bilhão. “Com a fabricação de uma justa causa para a demissão, as Reclamadas eventualmente também poderiam “criar” novos questionamentos acerca do pagamento desta parcela”, conforme alegam

Leandro e Thiago foram suspensos de seus cargos no Kabum no fim de fevereiro, depois de terem relatado, na ação civil contra o Itaú BBA, que o CEO do Magalu, Frederico Trajano, e o banco mantiveram supostos contatos de forma conflituosa, em paralelo com a negociação.

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Procurada pela reportagem do Valor, a Magazine Luiza não se manifestou.

 

CEO do Magalu abafou denúncia de suposta irregularidade

Frederico Trajano, CEO do Magalu, afirmou no dia 10 de março que a denúncia anônima de suposta irregularidade nas operações com distribuidores e fornecedores da varejista “não deveria tirar o brilho” dos números da companhia no quarto trimestre de 2022.

“Uma denúncia anônima, ainda não investigada, não deveria tirar o brilho do resultado da companhia no último trimestre do ano passado”, disse Trajano, durante a apresentação dos resultados do quarto trimestre do Magazine Luiza.

De acordo com o executivo, a varejista está mostrando uma evolução “muito significativa” ao longo do ano. “A empresa se disponibilizou a fazer uma série de ações para aumentar a rentabilidade em um contexto econômico difícil, de juros altos e de um pouco de ressaca do e-commerce brasileiro no pós-pandemia”, acrescentou.

Além da divulgação do balanço do quarto trimestre de 2022, o Magalu publicou um fato relevante naquela semana sobre uma denúncia anônima de irregularidades nessas operações. O caso já está sendo investigado pela companhia.