Magazine Luiza (MGLU3) e Via (VIIA3) fecham em forte alta nesta terça; analistas explicam motivos

Em 2022, o Magazine Luiza acumula queda de 56,40% na bolsa; papéis da Via caíram 48,80% no ano

Os papéis da Magazine Luiza, Via e B2W chamaram a atenção dos investidores e analistas na bolsa de valores de São Paulo (B3), nesta terça-feira (12). As ações do Magalu fecharam o dia em alta de 11,41%, cotadas a R$ 2,93. Acompanhando o movimento, Via (VIIA3) e B2W Digital (AMER3) também fecharam em alta, de 9,44% e 8,26% – respectivamente. De acordo com analistas, a queda de yields nos EUA e na Europa, junto a fatores domésticos – como o pagamento de parcelas do auxílio Brasil e o voucher caminhoneiro – influenciaram os papéis na bolsa.

Para Matheus Lima, analista da Top Gain, a queda das varejistas acontece em linha com as expectativas do mercado de um fim próximo de novas altas na taxa Selic. Segundo o especialista, o BC tem sinalizado que esse corte na alta de juros está próximo. Além disso, os auxílios aprovados recentemente para parte da população também podem ter animado o setor varejista na bolsa.

“A gente tem uma expectativa de corte na nossa taxa de juros. A Selic tende a segurar próximo a 13%, 14%. Isso já dá uma certo alívio no setor que vem sofrendo bastante. Ainda perde muito market share para empresas de fora como Shopee e Mercado Livre, mas uma coisa que ajudou a animar bastante nos últimos dias foi o aumento do auxílio Brasil e o ‘voucher dos caminhoneiros’, que de certa forma ajuda a inserir dinheiro na economia”, disse Lima. 

O analista destacou que em época de eleições é comum aparecer medidas provisórias para auxiliar a população. “A gente vê bastante esse tipo de movimentações nessas épocas. Mas hoje são essas situações. A taxa de juros que tende a parar de aumentar, o auxilio Brasil e o voucher caminhoneiro, que é a União colocando dinheiro na mão do povo. Com dinheiro na mão do povo, o varejo fica muito animado”, afirmou o analista da Top Gain. 

Segundo Rodrigo Crespi, analista da Guide Investimentos, a boa performance dos papéis voltados para varejo e e-commerce está ligada à queda dos yields, principalmente nos EUA e Europa. Além disso, a queda dos preços das commodities, tanto por conta do lockdown na China quanto por dados macroeconômicos na Europa, também influenciou os papéis. 

“Existe uma maior aversão ao risco de recessão. A gente vê os juros caindo, isso reflete positivamente para ativos de crescimento e economia doméstica. Então a gente viu um movimento de rotação de praticamente empresas de commodities caindo e investidores mudando a mão para companhias de crescimento. Os papéis estão tendo um repique muito forte, principalmente Magazine Luiza”, disse Crespi. 

No ano, a Via tem uma queda acumulada de 48,80% na bolsa. Já o Magazine Luiza acumula queda de 56,40% em 2022. Os papéis do Magalu começaram o ano sendo negociados a R$ 6,72 e, atualmente, mesmo com a alta de 9,74% nos últimos 30 dias, as ações são negociadas a R$ 2,93. A desvalorização das varejistas em 2022 acontece em um momento de cenário macroeconômico desfavorável, com uma inflação alta (e sem perspectivas de melhora no curto prazo) e juros também nas alturas.