Marisa (AMAR3) corre risco de RJ e precisa reagir, dizem analistas

Analistas ouvidos pela BP Money acreditam que o desempenho da Marisa não será dos melhores no 4t22

A Marisa (AMAR3) é mais uma varejista que tem enfrentado dificuldades nos últimos meses. A companhia vai reportar o seu resultado do quarto trimestre de 2022 nesta sexta-feira (31) e segundo analistas ouvidos pela BP Money, o desempenho não será dos melhores. 

Na opinião de Ricardo Brasil, fundador da Gava Investimentos, a empresa deve reportar um novo prejuízo, como aconteceu nos trimestres anteriores do ano passado, mas é preciso atenção aos detalhes que podem indicar se a Marisa está ou não se recuperando da crise. 

“O prejuízo de todo o trimestre está sendo constante, mas o que não é constante é se melhora ou não as margens, isso é o que assusta o mercado também. No terceiro trimestre de 2022, alguns números melhoraram, como por exemplo o do prejuízo, que foi menor do que o mesmo trimestre de 2021, mas isso não é uma verdade para os outros resultados. Então eu acho que o mercado fica muito mais na expectativa do que vai ser feito para  reestruturação da empresa do que qualquer outra coisa”, avaliou. 

Na tentativa de sair da situação alarmante, a companhia deve promover importantes mudanças em breve. A Marisa estuda despedir cerca de 3,5 mil funcionários e fechar até 80 lojas de rua, além de renegociar aluguéis, em uma tentativa de reestruturar as finanças.

A medida faz parte do plano de recuperação financeira que a varejista começou a desenhar nos últimos meses, que foca na redução das despesas. As lojas que serão escolhidas para serem fechadas levam em consideração a saúde financeira da operação e sua localização.

Mesmo com essas medidas, Brasil acredita que não é o melhor momento para investir na empresa.

“Pensando em reestruturação, eu particularmente não acredito que seja uma coisa tão simples. Já deixaram bem claro que estão em dificuldade e que possivelmente poderiam ter uma recuperação judicial. Então a coisa não está fácil. Não está fácil mesmo. Para quem gosta de emoção pode investir, mas acho que vai ser uma grande furada”, opinou. 

Na quinta-feira (30), as ações da Marisa fecharam com queda de 4,55% e sendo cotados a R$ 0,63.

Crise no varejo

O porta-voz Head de Alocação da XP, Pedro Mattos, analisa que a crise no setor de varejo está diretamente ligada a incompreensão dos rumos da economia do país.Só neste ano, o mercado viu gigantes como a Americanas (AMER3) e Amaro em recuperação judicial e outras empresas do setor, como a própria Marisa, passando por momentos de dificuldade.
 

”Apesar de termos visto uma redução significativa na taxa de desempregados nos últimos meses, o que ajudou a impulsionar a economia, alguns pontos como arcabouço fiscal e reforma tributária ainda estão obscuros, somados ao juro alto, faz com que as perspectivas econômicas sejam revisadas para baixo. Isso, no fim do dia, significa menos consumo e menos estímulo ao crédito”, disse ao BP. 

Mattos também espera um resultado fraco da companhia no 4T22. Para ele, o desempenho não será bom porque a companhia  “se enquadra numa classe do varejo voltada para média renda, que passa por um cenário macro desafiador com uma inadimplência aumentando”.

Troca de presidente do Conselho

Em meio a crise, em fevereiro, a Marisa anunciou a troca do presidente do Conselho de Administração. Após Marcelo Doll Martinelli renunciar ao cargo, a rede de varejo elegeu João Pinheiro Nogueira Batista como seu substituto. 

A companhia também anunciou a renúncia de Dilson Batista dos Santos Filho como membro independente do conselho, sendo substituído por Luis Paulo Rosenberg.

Novo presidente do Conselho, Batista foi diretor financeiro da Petrobras (PETR4), além de também presidir o conselho de administração da Codesa atualmente. O novo dirigente também é conselheiro da Braskem (BRKM5). 

No mesmo mês, a empresa anunciou a renúncia do presidente-executivo Adalberto Pereira Santos e do membro independente do conselho de administração Marcelo Adriano Casarin.

A companhia informou ainda a contratação da “BR Partners para assessorá-la no processo de renegociação de seu endividamento financeiro e a Galeazzi Associados para apoiá-la no aperfeiçoamento da estrutura de custos”.

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