Na Marisa (AMAR3), fechar lojas não será suficiente para aliviar balanço

Segundo João Nogueira Batista, novo presidente da Marisa, custo operacional da empresa está muito alto; entenda

A Marisa (AMAR3) está planejando uma reestruturação de negócios, que visa reposicionar a varejista de moda no setor. Em entrevista ao “Valor Econômico”, o novo presidente da empresa, João Nogueira Batista, afirmou que o “custo operacional” da Marisa, hoje, é muito alto e isso influencia diretamente no balanço. O BP Money conversou com analistas do setor de varejo para entender quais custos englobam esse “custo operacional” e quais os principais deles.

O problema principal da Marisa, de acordo com os especialistas, é o custo que eles têm para levar a mercadoria até o consumidor. Entre os principais custos operacionais que devem ser revistos pela varejista, de acordo com os especialistas, estão: aluguel, folha de pagamento, revisão de contratos e estrutura de funcionários nas lojas. 

Para Paolla Melo, analista e sócia da GTI, a receita da Marisa deve ser impactada com a reestruturação nos custos operacionais. 

“Imagino que eles se referem a duas grandes linhas de ataque: uma é a estrutura administrativa da companhia, ou seja, a folha de pagamento, número de funcionários, gastos com consultoria e custos com a sede. Tudo isso precisa ser revisto nesse momento, porque a companhia vai precisar fazer revisão do seu parque de lojas”, disse Melo. 

“Acho que lojas com uma contribuição baixa ou eventualmente negativas devem ser fechadas, então a receita pode, inclusive, cair”, destacou a especialista. 

A analista da Empiricus Research, Larissa Quaresma, também destacou o impacto que o fechamento de algumas lojas poderia ter sobre a receita da empresa. 

“Um dos principais custos de uma varejista de moda que opera com lojas próprias, que é o caso da Marisa, é o custo de aluguel, então assim a iniciativa que teria mais impacto seria fechar algumas lojas. O problema é que isso vai impactar a receita também porque com menos lojas você vende menos”, afirmou Quaresma. 

Bruce Barbosa, sócio-fundador da Nord Research, seguiu a linha de raciocínio de Melo e Quaresma e reiterou que o problema da Marisa não está no custo do produto e sim abaixo dessa linha, ou seja, o custo de loja, de gente e de logística. 

“A Marisa cresceu bastante lá atrás, até 2014, quando o Brasil crescia bem. Ela era bem focada nas classes C e D, que também são as classes mais afetadas por uma crise, pelo crescimento econômico menor, juros mais altos e tudo mais. A gente teve pandemia, o juro subiu de novo e o Brasil simplesmente não decolou. Então a Marisa sofreu bastante, talvez eles tenham se expandido muito nessa época e não conseguiram cortar custos suficientes para manter as margens”, afirmou Barbosa.

Para Paolla Melo, da GTI, a margem bruta da Marisa, atualmente, parece estar saudável, mas a especialista reiterou que a estrutura atual de operação da varejista é muito pesada para o que as lojas atuais geram de receita. 

“A diferença da margem bruta para o Ebitda ou são as despesas administrativas ou as despesas com vendas”, disse Melo.

A margem bruta é um indicador utilizado para determinar a margem de lucro sobre cada venda de uma companhia.

“Dentro das despesas com vendas entra o quanto custa para fazer uma venda, então aí pode entrar iniciativas como por exemplo: revisão dos aluguéis das lojas, rever contratos, a estrutura de funcionários dentro da loja, número de gerentes, número de vendedores, etc”, exemplificou Melo. 

Novo presidente da Marisa terá missão difícil pela frente

O novo presidente da Marisa, João Pinheiro Nogueira Batista, entrou na varejista com uma grande missão: reestruturar os negócios em um curto período. Essa é a quarta vez, em menos de um ano, que a varejista anuncia uma troca no comando. 

Em entrevista ao “Valor”, Nogueira afirmou que a reestruturação da Marisa passará pelo fechamento de unidades da varejista, já que “não faz sentido uma empresa com alta margem ter prejuízo”. 

No terceiro trimestre de 2022, a Marisa registrou dívida líquida de R$ 566 milhões. Do total, aproximadamente R$ 200 milhões tem vencimento para 2023. Para além do cenário macroeconômico não favorável ao varejo, existe ainda o pano de fundo da crise instaurada nas Lojas Americanas, que acendeu um alerta sobre o setor para os investidores e instituições financeiras.

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