A Marisa (AMAR3) divulgou o seu resultado no quarto trimestre de 2022 nesta sexta-feira (31). A varejista reportou prejuízo de R$ 188,6 milhões nos últimos meses do ano passado, uma disparada de 669% ante os R$ 24 milhões do mesmo período de 2021.
O ano também encerro com prejuízo de R$ 391 milhões, contra os R$ 93 milhões de 2021. Por outro lado, a receita líquida ficou estável no trimestre, com queda de 1,6%, a R$ 843 milhões.
“O crescimento do braço de varejo em 11% foi dirigido pelas vendas nas lojas físicas e pelo aumento de ticket médio, após atualizações da pirâmide de preços e do mix de produtos”, disse a empresa em comunicado.
A administração diz ainda que esse resultado não satisfaz, mas é o lastro para a segunda etapa do processo de recuperação de rentabilidade, focada na redução de custos operacionais e de fusões e aquisições.
Além dos resultados, a Marisa anunciou uma reestruturação do seu braço financeiro, a partir de medidas que incluem uma capitalização de R$ 90 milhões por acionistas controladores na MPagamentos, segundo fato relevante nesta sexta.
A mudança foi apresentada ao Banco Central, disse a Marisa. A MPagamentos é subsidiária da varejista e atua nos segmentos de crédito e financiamento.
Apesar do anúncio desastroso, no último pregão do mês as ações da empresa fecharam com alta de 1,59%, cotadas a R$ 0,64.
Marisa corre risco de RJ e precisa reagir, dizem analistas
O resultado ruim da Marisa já era esperado por analistas ouvidos pela BP Money. Na opinião de Ricardo Brasil, fundador da Gava Investimentos, a tendência era mesmo a empresa reportar um novo prejuízo, como aconteceu nos trimestres anteriores do ano passado, mas é preciso atenção aos detalhes que podem indicar se a Marisa está ou não se recuperando da crise.
“O prejuízo de todo o trimestre está sendo constante, mas o que não é constante é se melhora ou não as margens, isso é o que assusta o mercado também. No terceiro trimestre de 2022, alguns números melhoraram, como por exemplo o do prejuízo, que foi menor do que o mesmo trimestre de 2021, mas isso não é uma verdade para os outros resultados. Então eu acho que o mercado fica muito mais na expectativa do que vai ser feito para reestruturação da empresa do que qualquer outra coisa”, avaliou.
Na tentativa de sair da situação alarmante, a companhia deve promover importantes mudanças em breve. A Marisa estuda despedir cerca de 3,5 mil funcionários e fechar até 80 lojas de rua, além de renegociar aluguéis, em uma tentativa de reestruturar as finanças.
A medida faz parte do plano de recuperação financeira que a varejista começou a desenhar nos últimos meses, que foca na redução das despesas. As lojas que serão escolhidas para serem fechadas levam em consideração a saúde financeira da operação e sua localização.
Mesmo com essas medidas, Brasil acredita que não é o melhor momento para investir na empresa.
“Pensando em reestruturação, eu particularmente não acredito que seja uma coisa tão simples. Já deixaram bem claro que estão em dificuldade e que possivelmente poderiam ter uma recuperação judicial. Então a coisa não está fácil. Não está fácil mesmo. Para quem gosta de emoção pode investir, mas acho que vai ser uma grande furada”, opinou.