Em entrevista exclusiva ao BP Money, o economista-chefe da XP, Caio Megale, falou sobre os fatores que tem culminado na alta do dólar frente ao real. Na terça-feira (29), a moeda norte-americana chegou aos R$ 5,761, maior patamar desde 2021.
De acordo com Megale, as apostas na vitória de Donald Trump nas eleições norte-americanas têm exercido grande peso no câmbio.
“Estamos a poucos dias da eleição presidencial norte-americana e a grande maioria do mercado acredita em uma vitória do Trump, em sites de apostas está mais ou menos 70% a 30% de probabilidade para ele vencer. E Donald Trump é visto como um candidato com políticas de dólar forte”, disse.
Segundo Megale, as projeções para o câmbio em 2025 estavam em R$ 5,40 antes de o mercado subir as apostas na vitória do republicano. Agora, as expectativas cresceram.
“Se confirmada a vitória do Trump, eu diria que o câmbio iria para 5,50%, 5,60%, por causa do Trump. Agora, se vencer a Kamala Harris, aí a gente pode voltar para o cenário anterior”, pontuou.
“Eu não acho que se o Trump vencer o dólar se fortalece mais, porque boa parte, quase tudo, já está no preço. Mas se vencer a Harris, e a disputa ainda está apertada, o câmbio pode ir para o outro lado”, completou.
O economista chamou atenção ainda para os impactos na relação Brasil-China e no preço das commodities, que podem cair caso Donald Trump “tome medidas realmente muito agressivas”.
Pressão do fiscal
No cenário doméstico, Caio Megale destacou a pauta fiscal como um dos fatores que exercem pressão sobre o câmbio. Segundo ele, estresse pode ser amenizado caso o pacote de medidas fiscais sinalizado pelo governo seja “crível e trouxer mais credibilidade”.
“Despesas que crescem de forma muito acelerada fazem a economia fica desequilibrada ao longo do tempo e isso atrapalha a atração de investimento. Tem risco de aumento de imposto, tem risco cambial, tem risco de inflação. Então, isso pressiona também a nossa taxa de câmbio”, explicou Megale.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que já houve entendimento entre a Fazenda e a Casa Civil sobre o pacote de medidas. Sem dar detalhes sobre prazo e quais serão os alvos dos cortes, Haddad disse que terão “o impacto necessário para o arcabouço ser cumprido”.
A notícia veiculada na manhã da terça-feira foi que a pasta aguardava o aval do presidente Lula para realizar um corte entre R$ 30 bilhões e R$ 50 bilhões.