A relação de atrito entre o BC( Banco Central) e o presidente Luis Inácio Lula da Silva parece estar com os dias contados. Contudo essa notícia não agrada parte dos investidores.
A posse de Gabriel Galípolo, 42 anos, está marcada para quarta-feira (01). Em sua trajetória, defendeu políticas que se alinham a políticos de esquerda e as vezes entram em confronto com o mercado.
A duvida que paira agora é sobre a possibilidade de independência do banco central, como apurou a agência ‘Reuters’ em entrevista a seis ex-diretores do Banco Central. Galípolo assume após a presidência de Campos Neto que foi indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro em 2021. A janela de mandato visa o impedimento da intervenção política na diretoria do órgão.
Transição e história
Com a decepção do resultado sobre o aguardado pacote de gastos, o valor do Dólar disparou e o cenário do Brasil passou a ser considerado de grande risco para investidores. Galípolo e Campos Neto deram uma coletiva em novembro onde tentaram apaziguar as críticas e prometeram um tom de continuidade.
No dia seguinte, Lula teceu elogios ao futuro chefe do BC, prometendo disciplina fiscal e autonomia. Uma reunião em meio causou preocupação quando o indicado do presidente e mais três colegas votaram num corte maior dos juros do que os chancelados por Bolsonaro.
Todas as decisões do COPOM (Comité de Política Monetária) foram unanimes de maio até dezembro e agora os indicados pelo petista vão ocupar a maioria das cadeira do conselho.
“O ‘forward guidance’ foi feito exatamente porque há receios,” disse Alexandre Schwartsman, ex-diretor do BC durante o primeiro mandato de Lula. “É muito mais um sintoma, um reconhecimento de que há sérias dúvidas sobre como será o comportamento dele, se ele de fato será autônomo ou não.”
“A posse efetiva a gente verá depois de março”, disse Schwartsman. “Ate lá os fantasmas do Copom passado vão estar tocando o jogo.”