O mercado financeiro viu de forma positiva a abertura o novo edital para a abertura de novos cursos de medicina, no âmbito do Programa Mais Médicos, anunciado na última quarta-feira (4). A liberação de 5.700 vagas para novos cursos de medicina ficou acima do previsto. Há ainda 2.000 vagas para a expansão de cursos já existentes e outras 2.000 vagas para cursos das universidades federais. As informações são do Broadcast/Estadão.
Uma análise do Citi mostra que as 5.700 vagas do chamamento público representam 14% do total de vagas de medicina no País, e 18% das vagas de cursos privados, enquanto as 2.000 vagas para ampliação dos cursos já existentes configuram 6% de expansão e o mesmo montante para as federais representa 21% de expansão.
O banco ressalta a sua natureza pulverizada – cursos espalhados por mais de 1.000 municípios – e o perfil de maturação de longo prazo – até 10 anos -, o que poderia, na visão do Citi, evitar uma grande deterioração das condições de concorrência.
Já o BTG (BPAC11) comenta que ficou surpreso com o número de vagas adicionais. “O Mais Médicos 3 será quase duas vezes maior que o Mais Médicos 1 (2,3 mil vagas) e 4 vezes maior que o Mais Médicos 2 (1,4 mil vagas)”, diz.
Um ponto de ponderação em comum entre os analistas do mercado é a constatação de que pelo programa ter duração de 10 anos, as vagas não concentradas neste primeiro momento, mas diluídas ao longo do tempo. Devido ao maior prazo, há o questionamento com relação a como irá se comportar a demanda por essas vagas no futuro e se os preços mais elevados se sustentarão em todas as regiões.
Ações de IES podem se beneficiar
O Santander (SANB11) diz que a regra que permite que cada Instituição de Ensino Superior (IES) cadastre apenas 2 solicitações de cursos, sendo uma por Estado, favorece os grandes players, que possuem diversas IES.
“Nesse sentido, observamos que apenas a Ânima, Yduqs, Cruzeiro do Sul e Ser Educacional poderão licitar nos 23 Estados selecionados para participar do programa Mais Médicos 2023”, pontua. Mas os cálculos iniciais do banco sugerem que a Ânima (ANIM3), Yduqs (YDUQ3) e Cogna (COGN3) são as que tendem a ser as principais beneficiárias do programa.
Na quarta (4) as ações dos grupos educacionais reagiram à notícia e saltaram, com Yduqs subindo mais de 7% e liderando as altas do Ibovespa. A explicação, segundo analistas, se dá pelo papel ter maior liquidez e estar bem posicionado para conseguir o aumento de vagas.
Afya, que tem sua base de alunos composta majoritariamente por estudantes de medicina, e portanto tende a ser uma das, se não a mais afetada. Apesar disso, subiu em menor intensidade, a mais de 2%, com as justificativas para a alta moderada girando em torno do fato de que o papel é negociado fora da B3, na Nasdaq, portanto, com menor liquidez. Entre os pares, Cogna e Ser Educacional acompanharam as altas, mas Ânima destoou, caindo mais de 2%, com JPMorgan e C6 liderando as vendas.
Na manhã de quinta (5), o setor seguiu em alta, mas bem mais modesta. Pela tarde, porém, os papéis viraram para o negativo ou estabilidade, amenizando o entusiasmo visto anteriormente. De acordo com Rafael Passos, analista da Ajax Asset, o cenário macro se sobrepõe ao micro, com a pressão dos treasuries fazendo um contrapeso nos papéis.