Análise semanal

Mercado vacilou e ainda terá nova semana ‘decisiva’ pela frente

Os dados econômicos abalaram a confiança do mercado brasileiro e externo; especialistas alertam para mais um período sensível a enfrentar

Foto: CanvaPro/Ibovespa
Foto: CanvaPro/Ibovespa

O mercado brasileiro sentiu o impacto mais forte dos dados econômicos norte-americanos nesta semana. Todas as divulgações, começando pelo PMI (Índice de gerentes de compras) e findando no Payroll, moldaram os sentimentos dos investidores, que esperam avidamente pela decisão do Fed (Federal Reserve) sobre a política monetária neste mês.

Na próxima semana, o cenário econômico externo segue em destaque na pauta do mercado, com o indicador chave da inflação dos EUA também guiando as apostas dos especialistas sobre o tamanho do corte na taxa de juros que o Fed deve fazer (em 0,25% ou 0,50%).

“Além disso, os mercados estarão atentos aos dados econômicos da China, incluindo indicadores de inflação, setor externo e atividade econômica. A relevância desses dados cresce à medida que o risco de recessão permanece no radar, especialmente se o Fed adotar uma política monetária mais agressiva do que o esperado”, disse Christian Iarussi, especialista em mercado de capitais e sócio da The Hill Capital.

O analista de economia do Investing.com, Leandro Manzoni, avaliou que a semana entre os dias 8 e 13 de setembro será decisiva, com a divulgação de importantes dados de atividade econômica. 

“É a última antes da decisão da taxa de juros na reunião do Copom de 18 de setembro”, enfatizou ele.

Como ficou o mercado brasileiro na semana encerrada na sexta-feira (6)

No Brasil, o apetite ao prêmio de risco da Bolsa se viu abalado, após uma série de quebra de recordes nas semanas anteriores. O índice fechou a semana no patamar negativo (-1,05%), com o mal desempenho do setor de commodities e a política monetária brasileira em foco.

O BC (Banco Central) sinalizou a necessidade de aguardar mais dados para decidir sobre a Selic (taxa básica de juros) na reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), que ocorrerá em 17 e 18 de setembro.

Segundo Leandro Manzoni, alguns investidores veem a abordagem como uma estratégia para o Copom ganhar tempo à espera do tamanho do corte de juros nos EUA pelo Fed.

“Os indicadores econômicos internos estão, porém, surpreendendo positivamente acima do consenso de mercado. Intensificam-se, assim, alguns fatores altistas para a inflação no balanço de risco, como um hiato do produto mais apertado com uma inflação de serviços resiliente”, afirmou. 

A semana teve divulgação do PIB (Produto Interno Bruto) do segundo trimestre de 2024, que veio muito mais forte que o esperado, com aceleração de 1,4% frente ao trimestre anterior.

Na semana dos dias 08 a 13 de setembro, o mercado terá em mãos os números da inflação mensal e do IBC-Br.

“Se esses dados vierem acima do esperado, é altamente provável que o colegiado suba a taxa de juros, com o mercado se dividindo entre as projeções de 25 pontos-base e de meio ponto percentual de alta”, indicou Manzoni.

Como o mercado dos EUA se comportou

No caso dos EUA, o mercado segue apreensivo com o que os dados podem indicar sobre a economia. O Fed mudou o foco de suas ações para o mercado de trabalho, cujo principal indicador, o payroll, foi divulgado na sexta-feira (6) e veio abaixo do esperado, o que derrubou o Ibovespa e os índices da Bolsa de Nova York.

O payroll de agosto revelou que os EUA criaram 142 mil novas vagas de emprego, enquanto o consenso esperava 160 mil novos postos.

“Apesar do estresse observado, os números do relatório de emprego dos EUA não indicam sinais de fraqueza significativa na economia ou no mercado de trabalho. A volatilidade parece refletir mais a incerteza quanto ao ritmo dos cortes de juros do que uma deterioração nos fundamentos econômicos”, avaliou Iarussi.

Agora, de acordo com Manzoni, o mercado seguirá atento aos números da inflação ao consumidor e ao produtor dos EUA, esperando que ambos venham em linha com as expectativas.

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“Número abaixo da previsão do mercado pode engatar a visão de uma aterrissagem forçada ou até de recessão, enquanto um número acima pode ensaiar um retorno da narrativa de estagflação, embora neste caso seja difícil acontecer”, comentou

Evolução do Ibovespa até sexta-feira (6)

Segunda-feira (2): +0,81%

Terça-feira (3): -0,41%

Quarta-feira (4): +1,31%

Quinta-feira (5): +0,29%

Sexta-feira (6): -1,41%

Principais altas:

CSN Mineração (CMIN3): 7,22%

Telefônica Brasil (VIVT3): 6,25%

Hapvida (HAPV3): 6,13%

Sabesp (SBSP3): 5,62

Vivara (VIVA3): 5,60

Principais baixas:

Azul (AZUL4): -17,63%

3R Petroleum (RRRP3): -12,82%

Prio (PRIO3): -9,35%

Minerva (BEEF3): -5,87%

Raizen (RAIZ3): 5,30%