Taxa de Juros

Mercado vê Selic 'congelada' em 2024 após decisão do Copom

Essa projeção é compartilhada por 35 das 42 casas consultadas pelo Projeções Broadcast, o que representa 83% das opiniões coletadas

Mercado vê Selic 'congelada' em 2024 depois de decisão do Copom
BC / Foto: Divulgação

O comunicado divulgado pelo Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central), após decidir manter a Selic em 10,5% em sua reunião de quarta-feira (19), reforçou no mercado financeiro a expectativa de que a taxa básica deverá permanecer nesse patamar até o final do ano.

Essa projeção é compartilhada por 35 das 42 casas consultadas pelo Projeções Broadcast, o que representa 83% das opiniões coletadas.

A decisão unânime dos diretores do colegiado também foi bem recebida pelos agentes do mercado, que acreditam que essa medida pode ajudar a corrigir a “desancoragem” das projeções para a inflação, ou seja, alinhá-las mais próximas da meta oficial de inflação.

“Por ora, reduziu boa parte daqueles ruídos que ficaram da reunião passada”, afirma o sócio e economista sênior da Tendências Consultoria, Silvio Campos Neto.

Corte de juros

Ele menciona a reunião do Copom em maio, na qual os quatro diretores do Banco Central indicados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva votaram a favor de um corte de 0,5 ponto percentual na Selic.

No entanto, prevaleceu a posição dos outros cinco diretores que optaram por um corte de 0,25 ponto percentual. Esse episódio fez com que o mercado projetasse um possível BC mais tolerante com a inflação após a saída do atual presidente, Roberto Campos Neto, em dezembro.

Para o ano de 2025, no entanto, a possibilidade de novos cortes na taxa de juros ainda está sendo considerada, conforme indicado pelo economista da Tendências, que projeta uma taxa básica de 9,50% no final do próximo ano.

Ele destaca que essa previsão depende da concretização de cortes de juros nos Estados Unidos ainda este ano, além de medidas do governo federal para um maior controle fiscal, e uma transição suave na liderança do Banco Central.

Mercado vê ‘moderação’

No comunicado divulgado após a reunião, o Copom afirmou que “as conjunturas doméstica e internacional” justificam neste momento “serenidade e moderação”.

“A conjuntura atual, caracterizada por um estágio do processo desinflacionário que tende a ser mais lento, ampliação da desancoragem das expectativas da inflação e um cenário global desafiador, demanda serenidade e moderação na condução da política monetária.”

A opinião é amplamente compartilhada pelo economista Danilo Passos, da WHG. Ele, que já projetava uma Selic estável em 10,50% até o final de 2024, analisou o comunicado do Copom como neutro e equilibrado.

“A comunicação do BC mostra que a estratégia que eles vão adotar, pelo menos nas próximas reuniões, é realmente a de segurar a Selic parada por um tempo para observar o desenvolvimento externo e doméstico”, diz.

A WHG prevê que os cortes na Selic serão retomados em 2025, levando a taxa para 9,75%.

No contexto econômico interno, o comunicado destaca que o mercado de trabalho continua apresentando um dinamismo maior do que o esperado, e que há uma resiliência maior na inflação de serviços.

A questão fiscal foi novamente abordada pelo Copom: “O comitê reafirma que uma política fiscal crível e comprometida com a sustentabilidade da dívida contribui para a ancoragem das expectativas de inflação e para a redução dos prêmios de risco dos ativos financeiros, consequentemente impactando a política monetária”.

Algumas instituições, no entanto, não veem espaço para a retomada do afrouxamento nem em 2025, como o Banco Citi, Itaú Unibanco e XP Investimentos. Em relatório, o Citi destacou que a inclusão de um cenário alternativo pelo BC foi o principal ponto do comunicado, reforçando a visão “mais agressiva” do banco em relação à política monetária.

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