
O Itaú (ITUB4) avalia que a bolsa brasileira deve ser o melhor investimento em 2026, com potencial para entregar retornos superiores ao CDI, mesmo com a Selic em 15% ao ano, o maior patamar em quase duas décadas. Diante desse cenário, o banco recomenda que investidores aumentem gradualmente a exposição a ações.
Segundo o Itaú, apesar da atratividade da renda fixa no curto prazo, não ficar exposto à bolsa pode ser um erro estratégico em um ambiente de queda de juros. “Não aconselhamos ficar totalmente fora da bolsa quando os juros entram em trajetória de queda. Ter zero de ações na carteira é exagero”, afirmou Nicholas McCarthy, diretor de estratégia de investimentos do banco, em coletiva nesta terça-feira (16).
De acordo com o executivo, se o cenário de inflação e juros projetado para os próximos dois anos se confirmar, a bolsa brasileira tende a ser o melhor investimento em 2026. Ainda assim, ele reconhece que o movimento deve ocorrer em meio a volatilidade.
Ambiente externo favorece a bolsa, diz Itaú
Na avaliação do Itaú, o cenário internacional pesa mais para o desempenho da bolsa e do dólar do que fatores locais, inclusive o calendário eleitoral. O banco destaca que o dólar entrou em uma trajetória estrutural de enfraquecimento, o que tende a beneficiar mercados emergentes como o Brasil.
Além disso, 25 dos 33 principais bancos centrais do mundo já reduziram juros em 2025 e devem manter esse movimento em 2026. Esse processo, segundo o Itaú, pode levar investidores a realocar recursos dos Estados Unidos para outros mercados, favorecendo ativos brasileiros.
Com a desaceleração do dólar, o banco espera que a inflação no Brasil continue cedendo, o que abriria espaço para o Banco Central iniciar cortes da Selic a partir de março, levando a taxa para 12,75% ao fim do ciclo.
Investidor pessoa física deve demorar a voltar
Apesar da visão positiva para a bolsa, o Itaú avalia que o investidor pessoa física ainda deve demorar a retornar ao mercado acionário. Isso porque, mesmo com a Selic em queda, os juros reais seguem elevados e a renda fixa continua oferecendo retornos considerados atrativos.
“O brasileiro ainda verá uma Selic em 12,75% como uma taxa muito alta e vai demorar para migrar do CDI para a bolsa. Para isso, o juro real precisa cair para algo entre 5% e 6%”, afirmou McCarthy.
O banco observa que as ações brasileiras seguem cerca de 10% abaixo da média histórica de valuation, o que reforça a atratividade no médio e longo prazo. Diante disso, o Itaú estuda elevar a alocação estratégica em bolsa brasileira nas carteiras, de 8% para 9,5% no início de 2026.
Na renda fixa, a recomendação segue voltada principalmente para títulos atrelados à inflação, enquanto no exterior o banco sugere diversificação fora dos Estados Unidos, mantendo exposição ao S&P 500 por meio de ETFs ou fundos, especialmente pelo peso das empresas de tecnologia.