VALE3 caiu 16,23%

Mineração: setor acumulou perdas no 1S24; O que está por vir?

Entre os fatores que justificam as baixas, a demanda pelo minério de ferro e crise chinesa estão em destaque, dizem especialistas

Mineração
Foto: José Cruz/Agência Brasil

O setor de mineração acompanhou o movimento do Ibovespa no primeiro semestre do ano, com variações negativas observadas nas ações da maior mineradora do Brasil e uma das maiores do mundo, a Vale (VALE3).

Apesar de menor, a desvalorização também foi sentida pelos seus pares, Usiminas (USIM5) e Gerdau (GGBR4), no semestre.

Ao BP Money, o gestor financeiro e especialista em investimentos Marlon Glaciano explicou que o movimento de baixas das mineradoras no 1S24 foi consequência de uma combinação de fatores econômicos e setoriais, com destaque para a crise chinesa.

“A desaceleração na economia chinesa, principal consumidora de minério de ferro, resultou em uma queda na demanda e nos preços dessa commodity. Além disso, a recuperação econômica global mais lenta do que o esperado, pressões inflacionárias que aumentaram os custos operacionais e desafios logísticos contribuíram para a retração”, destacou o especialista.

Ademais, ressaltou Marlon, questões regulatórias e ambientais no Brasil também adicionaram incertezas ao setor, afetando negativamente a confiança dos investidores e resultando em uma diminuição nos preços das ações dessas empresas.

AçõesVariação no 1S24
GGBR4-5,42%
USIM5-12,01%
VALE3-16,23%
Fonte: TradingView

No segundo trimestre do ano, porém, a Vale (VALE3) e a Gerdau (GGBR4) tiveram um respiro e apresentaram pequenas variações positivas.

Segundo a especialista em mercado de capitais e sócia da AVG Capital, Hemelin Mendonça, o movimento foi consequência do aumento na produção e melhorias nos projetos de crescimento dessas empresas.

“Além disso, esse ano não teve tantas chuvas fortes quanto no ano passado, o que afetou menos a produção. Também podemos adicionar que a valorização do dólar ajudou na valorização da Vale e Gerdau”, afirmou Hemelin.

AçõesVariação no 2TRI24
GGBR41,92%
USIM5-18,50
VALE32,64%
Fonte: TradingView

A Usiminas (USIM5), por sua vez, manteve a trajetória de queda. Segundo Marlon Glaciano, a ausência de valorização pode ser atribuída a fatores internos específicos da empresa e do mercado brasileiro.

“Problemas logísticos, desafios operacionais, e uma menor exposição ao mercado internacional em comparação com Vale e Gerdau limitaram os ganhos da Usiminas. Além disso, a demanda doméstica no Brasil pode não ter se recuperado com a mesma intensidade, e a empresa pode ter enfrentado dificuldades adicionais em ajustar seus custos operacionais diante de pressões inflacionárias”, destacou Glaciano.

Demanda de minério de ferro e novas oportunidades

Segundo Marlon, as expectativas em relação à demanda pelo minério de ferro depende, principalmente, da recuperação da China – maior consumidora – bem como dos estímulos globais para impulsionar os setores de construção e infraestrutura.

“Vale e Gerdau podem ver valorização contínua devido à forte demanda global e investimentos em sustentabilidade, enquanto Usiminas pode enfrentar desafios maiores se a demanda doméstica não acompanhar a recuperação e se persistirem problemas operacionais”, disse o especialista em investimentos.

Hemelin destacou ainda que, embora “desafiador”, o ano de 2024 pode trazer muitas oportunidades para o setor.

“A demanda do minério está fazendo com que as mineradoras procurem diversificar seus produtos, expandindo o portfólio para novas commodities, outros mercados no mundo. Os investidores estão procurando por empresas que estejam interessadas em questões ambientais, sociais e de governança (ESG), o que faz com que as empresas tenham que buscar maior responsabilidade ambiental”, pontuou Mendonça.

Também há, segundo a especialista em mercado de capitais, uma perspectiva de mudança e de aceleração na exploração e desenvolvimento de minerais e metais essenciais, como cobre, lítio e míquio, para a transição energética.

Outro ponto, destacou Hemelin, é a inflação “que está pressionando o desenvolvimento tecnológico dessas empresas”.



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