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Moody’s corta nota de crédito da Braskem, após colapso em Maceió

De acordo com os analistas, a piora na situação pode gerar necessidade de R$ 1 bilhão em provisões adicionais

A Moody’s cortou a nota de crédito da Braskem de “Ba1” para “Ba2” e apresentou uma redução na perspectiva, que passou de estável para negativa. As alterações vêm como resposta ao agravamento da crise em Maceió (AL). As terras do municipio de Alagoes está prestes a colapsar devido à falta de sustentação ocasionada pelas cavernas subterrâneas operadas pela Braskem, para extração de sal-gema ao longo dos anos.

De acordo com os analistas Carolina Chimenti e Marcos Schmidt, a piora na situação do desabamento dos bairros em Maceió, cujas minas da Braskem estão localizadas pode gerar necessidade de R$ 1 bilhão em provisões adicionais.

Já para o professor Pedro Côrtes, do Instituto de Energia e Ambiente da Universidade de São Paulo (USP), as consequências da tragédia são comparáveis ao desastre de Chernobyl – acidente nuclear que aconteceu na Rússia – em reportagem obtida pela CNN Brasil.

“Uma área de grande exclusão, onde as pessoas não vão poder voltar, pelo menos não tão rapidamente, afetando diversas famílias. É considerado hoje o maior desastre ambiental em ambiente urbano”, analisou.

Segundo a análise da agência de classificação de riscos, a ocasião acontece em um momento onde as métricas de crédito e a geração de caixa da companhia já estão sob pressão por conta do atual momento do setor petroquímico.

“O potencial de provisões adicionais reduz a visibilidade de passivos futuros que não estão incluídos no acordo que a Braskem fechou com autoridades em 2020 e que podem surgir do evento geológico iniciado agora em novembro”, comentam.

Operacionalmente, a Moody’s vê efeitos limitados para a Braskem, uma vez que o segmento representa menos de 5% do Ebitda. No entanto, em termos de responsabilidade ambiental e de reputação, a empresa pode sofrer consequências.

Crise em Maceió afasta interessados na Braskem

Se já estava difícil antes, a crise ambiental em Maceió (AL) inviabilizou de vez as chances de surgir um novo concorrente à aquisição da Braskem (BRKM5), que agora só tem um interessado, segundo o jornal “O Globo”.

De acordo com a publicação, a Unipar (UNIP6), uma das maiores petroquímicas do país, e a J&F, holding controlada pela família Batista, não estão mais na disputa pela companhia.

Além da saída da Unipar e da J&F, o fundo de private equity americano Apollo Global Management já havia deixado o negócio há alguns meses. Hoje, está na disputa apenas a Abu Dhabi National Oil Company (Adnoc), a estatal de petróleo de Abu Dhabi que, segundo fontes, tenta uma negociação com a Petrobras.

A petroquímica é uma sociedade entre a Petrobras e a Novonor (ex-Odebrecht). Esta última é a controladora e foi quem colocou a Braskem à venda. As propostas das duas empresas venceram e, com as incertezas atuais, não deverão ser reapresentadas, segundo fontes.