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Moody’s: para mudar nota do Brasil agência quer arcabouço cumprido

Moody's não deve alterar nota do Brasil em 2023 / Divulgação

Uma das três maiores agências de risco do mundo, junto a Fitch Ratings e Standard & Poor’s (S&P), a Moody´s não deve – diferente das suas concorrentes – alterar a nota do Brasil rating em 2023.

“A gente provavelmente não vai ver uma mudança no rating este ano”, disse Marianna Waltz, responsável por ratings e pesquisas na América Latina da Moody’s, em entrevista no início do mês. “O que a gente quer olhar daqui para frente? É implementação e execução do arcabouço fiscal, das reformas, ter mais visibilidade do perfil de investimento do Brasil”, afirmou, ao se referir ao fato de que a agência irá monitorar a capacidade do governo de atrair novos investimentos. As informações são do Bloomberg.

A aprovação do arcabouço fiscal foi positiva e dentro das expectativas da agência, acrescentou nesta quarta-feira (23), depois de o projeto passar no Congresso.

O Brasil tem rating Ba2 desde fevereiro de 2016 na Moody’s, duas notas abaixo do grau de investimento. Recentemente, as outras duas principais agências de rating melhoraram a avaliação sobre o país: a Fitch elevou o rating soberano BB- para BB em julho, e a S&P mudou a perspectiva de estável para positiva em junho, com nota BB-/B (três abaixo do grau de investimento).

A principal fraqueza do Brasil, o que justifica sua atual classificação de risco, é o perfil fiscal, disse Marianna. Segundo ela, a estrutura de gastos no país é rígida e as despesas têm crescido gradualmente. Além disso, há um histórico de crescimento do PIB relativamente modesto. As métricas fiscais são piores que a de pares do mesmo rating, apontou.

A Moody’s estima que a relação dívida-PIB do Brasil deverá se estabelecer abaixo dos 80% nos próximos dois anos e um aumento mais lento nessa razão poderia ajudar a antecipar uma revisão da nota de crédito, segundo ela.

“Vemos o arcabouço como positivo no sentido de que o país tem uma âncora para conter gastos fiscais”, disse. “No médio prazo, o arcabouço deve levar a uma trajetória de consolidação fiscal, mas teremos que ver se ele será executado. Ele precisa ter credibilidade.”

Marianna afirma que, além do cumprimento do arcabouço, será preciso observar se a trajetória do crescimento do país — que a agência estima em 2,5% para o ano e em 1,5% para 2024 — será mantida nos próximos anos. Ela avalia que a reforma tributária poderá ter efeito positivo no crescimento de longo prazo do país.

As 3 maiores agências de rating do mundo

O mundo só começou a ouvir e falar constantemente sobre ‘’grau de investimento’ depois das crises financeiras que atingiram os países desenvolvidos em 2008. O Brasil não ficou de fora ao enfrentar à recessão, e foi com base nisso que começaram os trabalhos das agências de rating.

A classificação de risco deve fazer parte da análise de quem busca uma aplicação financeira para investir o seu dinheiro. O motivo para isso é estabelecer segurança e não perder os recursos que possui.

Já sabemos que em português rating significa avaliação ou “nota”. Então, agências de rating são empresas que fazem uma avaliação de risco de organizações privadas ou públicas e de países que tomam crédito emprestado de pessoas físicas ou jurídicas. A agência se baseia na capacidade de o emissor (a companhia ou o país) de pagar uma dívida. As contratantes dessas agências são os emissores das dívidas, para atribuir uma nota aos títulos.

Historicamente, as primeiras empresas de classificação de risco foram Fitch Ratings, Moody’s e Standard & Poor’s (S&P). Juntas são conhecidas como The Big Three (‘as três grandes’) e estima-se que 95% do mercado de análise de risco no mundo se concentrem em seus serviços.

Enquanto a Moody’s e a S&P possuem sede nos Estados Unidos, a Fitch tem duas matrizes (Londres e Nova York) onde é controlada pela francesa Fimalac.

Entre as três agencias existem pequenas diferenças na nomenclatura de suas notas, mas, no geral, o conceito é o mesmo entre todas. Elas são divididas entre “grau de investimento” e “grau especulativo”.

O grau de investimento ou “triplo A” é a classificação de risco mais elevada e vai até o Baa3 (Moody’s) ou BBB- (S&P e Fitch). É a última nota que concede o selo de bom pagador ao emissor, neste critério significa que o protagonista econômico tem baixo risco de calote (nível A) ou uma pequena chance de não arcar com suas dívidas (nível B).

Já o grau especulativo se estende do Ba1 (Moody’s) ou BB+ (S&P e Fitch) até o D, que é o estágio de moratória, ou seja, risco eminente de calote ou calote concretizado. Emissores até B3 (Moody’s) ou B- (S&P e Fitch) são considerados como de risco moderado, enquanto os pertencentes ao nível C têm risco elevado de não arcar com seus pagamentos.

Nem sempre as agências de rating estipulam a mesma nota para determinado emissor, pois todas são independentes umas das outras. O protagonista econômico em questão pode ter grau de investimento, mas um título emitido por ele ainda pode fazer parte do grau especulativo.

Consultar o rating diretamente do site das agências pode ser complexo para quem não tem experiência com o mercado de capitais. Por isso, as corretoras mais relevantes do mercado costumam fornecer esse tipo de informação, junto a outros dados do papel que você pretende comprar.

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