Na revisão de seu portfólio para a América Latina, a equipe de estratégia do Morgan Stanley reduziu sua exposição ao México para um nível abaixo da média do mercado, demonstrando uma postura mais cautelosa em relação às ações da região.
Os estrategistas Nikolaj Lippmann, Juan Ayala e Julia Nogueira destacaram seu interesse por setores específicos, como digitalização, energia e agricultura, que continuam a atrair sua atenção.
A redução na exposição às ações do México foi realizada após a proposta de reforma judicial enviada pelo Executivo ao Congresso.
“Acreditamos que substituir o sistema judicial deve aumentar o risco e limitar o capex (investimento em capital) Isso é um problema, pois o nearshoring (se beneficiar da atuação do seu vizinho EUA para a produção de suprimentos em países próximos e parceiros) está atingindo gargalos importantes”, avaliam os especialistas.
Morgan Stanley avalia Brasil
De maneira geral, os estrategistas do Morgan Stanley indicam que as taxas de juros na região podem permanecer elevadas por um período prolongado, o que continuará a pressionar os mercados acionários da América Latina, especialmente o Brasil.
Isso ocorre apesar das recentes revisões para cima nas projeções da Selic, mesmo após a declaração mais cautelosa de Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, sobre possíveis aumentos nas taxas.
Diante de riscos extremos, desaceleração do crescimento e taxas de juros elevadas, o banco identificou três temas seculares fundamentais que podem impulsionar a geração de alfa (retorno superior ao benchmark):
1) Digitalização;
2) Energização global;
3) Expansão das fronteiras agrícolas no Brasil.
O Morgan Stanley mantém uma posição overweight (exposição superior à média do mercado) em relação ao Brasil, com uma alta alocação em ações da holding NU, controladora do Nubank (BDR: ROXO34), e do Mercado Livre (BDR: MELI34). No entanto, a instituição está moderadamente posicionada no segmento de ações domésticas.
“Não vemos um case de investimento claro para o grupo doméstico brasileiro. Acreditamos que o risco político relacionado às estatais e ao Comitê de Política Monetária (Copom) deve pesar no mercado local”, avalia o trio de estrategistas.
Potencial no Brasil
No Brasil, o Morgan Stanley enxerga um potencial significativo para uma transformação externa de longo prazo por meio da expansão das fronteiras energéticas e agrícolas. Os analistas estimam que isso poderia adicionar entre 22% e 30% às exportações brutas até o final da década.
No entanto, no cenário atual, esses temas são considerados mais adequados para seleção de ações em nível micro do que para análises macroeconômicas.
Além disso, estão ampliando sua exposição ao Peru, especialmente no setor de mineração de ouro.