Para Movida (MOVI3), caminho para Europa em crise pode ser positivo

Movida adquiriu a Drive on Holidays, de Portugal, nesta semana; analistas comentam impactos da transação

A Movida (MOVI3) resolveu trilhar novos caminhos e acelerar a sua expansão, entrando no mercado europeu, com a aquisição da empresa Drive on Holidays (locadora de veículos leves situada em Portugal). A aquisição saiu pelo valor de 66 milhões de euros (cerca de R$ 335 milhões). Para especialistas, a movimentação feita pela Movida, mesmo em um cenário de crise na Europa, é positiva. 

De acordo com Danielle Lopes, sócia e analista da Nord Research, a nova aquisição da Movida é muito pequena frente à sua estrutura e tamanho. Mesmo assim, a especialista enxerga a movimentação como positiva, por ser uma sinalização de que eles colocaram o “primeiro pé lá fora”.

“É positivo, porque em momentos de crise em alguma parte do caminho você consegue fazer negociações melhores com empresas e aquisições mais baratas. Quem tem caixa é rei. Vemos fusões e aquisições acontecendo quando os mercados estão em crise porque você consegue ter uma precificação melhor da empresa alvo. A Movida fez isso de uma forma estratégica”, destacou Lopes.

O relatório da Eleven também destaca que a aquisição da Movida é de pequena escala para a companhia e tem um racional estratégico de internacionalização. Para José Daronco, analista da Suno Research, a Movida utilizará sua expertise do mercado brasileiro para crescer no mercado europeu, que também é fragmentado e apresenta um grande potencial de crescimento. 

“A aquisição é importante porque inaugura uma nova avenida de crescimento para a empresa. Vale lembrar que o mercado europeu, assim como o brasileiro, também é muito fragmentado no que tange à locação de veículos. Nesse sentido, a Movida poderá utilizar a sua expertise para crescer no continente europeu, adicionando novas linhas de negócio, como é o caso da Gestão de Frotas e a venda de seminovos em Portugal, por exemplo”, disse Daronco.

Daronco também reiterou os resultados da Movida, que podem ser impulsionados com a diversificação da receita da empresa em moeda forte e em uma região geográfica diferente. Segundo o analista, a empresa pode mitigar uma eventual desaceleração econômica no Brasil. 

A portuguesa Drive on Holidays conta com 130 colaboradores e atua no setor de locação de veículos há 11 anos. 

O que esperar para os papéis da Movida?

Na última quarta-feira (21) – dia do anúncio da Movida sobre sua nova aquisição – as ações da companhia fecharam em queda de 2,67%, cotadas a R$ 13,12, na bolsa de valores de São Paulo.

Segundo especialistas consultados pelo BP Money, o mercado não gostou tanto da notícia. De acordo com Lopes, da Nord, o mercado imagina que a compra da Drive on Holidays vai atrapalhar um pouco os planos da empresa do ponto de vista de endividamento. 

“Esse foi só o primeiro passo, até porque a frota é pequena, 3 mil carros perto de mais de 200 mil carros que temos aqui no Brasil, então foi um movimento conservador. É uma aquisição que ainda vai nos dar insights. Acho cedo para dizer que a decisão não foi boa. Não é nada tão transformacional para a operação. A empresa é ótima com ou sem essa aquisição. A Movida hoje se diferencia muito pela gestão. 

Para Daronco, da Suno Research, a Movida deve seguir crescendo nos próximos trimestres.

“Apesar do cenário desafiador da economia brasileira, acreditamos que a Movida continuará entregando um forte crescimento, em linha com o primeiro semestre deste ano”, afirmou Daronco. 

Fabricio Gonçalvez, CEO da Box Asset Management, também destaca que o turismo desempenha um importante papel no desenvolvimento de várias regiões europeias. Por isso, por mais que a Europa esteja em crise, ela ainda é um dos principais pontos turísticos a nível mundial. 

“Sabemos que o turismo aquece o mercado, e os comércios locais. E os turistas necessitam se locomover de alguma forma, uma delas seriam alugando carros, com o aluguel de carros aumentando, faz com que a receita da companhia aumente, influenciando positivamente as ações da Movida”, disse Gonçalvez.