As ações da MRV (MRVE3) têm experimentado uma volatilidade nas últimas sessões. Após uma queda de 9,46% na última quinta-feira (8), causada pelo corte de recomendação para neutro e redução do preço-alvo em 57,5% pelo UBS BB, as ações apresentaram um desempenho positivo nesta sexta-feira (9) pré-Carnaval, encerrando a sessão com um aumento de 6,87%, atingindo o valor de R$ 7,16 no fechamento.
O movimento de ganhos ocorreu após o Itaú BBA afirmar em relatório que a forte queda de ontem criou uma oportunidade atrativa de entrada para investidores que desejam aumentar a volatilidade de seus portfólios em comparação ao desempenho de um benchmark.
Em janeiro, os analistas do banco destacaram que revisões das estimativas de consenso do sell-side poderiam desencadear uma venda das ações, considerando que os números do BBA estavam cerca de 40% abaixo do consenso de mercado naquela época. Esse cenário acabou gerando uma assimetria atrativa, conforme observado.
Os analistas destacam que a MRV apresenta uma queda de 40% no acumulado do ano, em comparação com a baixa de 4% do Ibovespa e o aumento de 2% das ações da Cury (CURY3) e Direcional (DIRR3). Além disso, a posição vendida da MRV está próxima de uma máxima histórica, representando 18% do float, enquanto o valuation de 0,55 vez o P/BV (ou Preço sobre o Valor Patrimonial da Ação) está próximo de um mínimo histórico.
“O movimento das ações e o humor dos investidores lembram muito o de março de 2023, quando as ações atingiram o seu nível mais baixo de todos os tempos (seguido por uma recuperação superior a 100%), mas os ambientes operacional, financeiro e macro estão agora muito melhores e acrescentam potencial de valorização”, avalia o BBA.
O BBA mantém sua preferência relativa pela Direcional, porém destaca a MRV como uma opção adequada para investidores dispostos a assumir maior risco em busca de retornos mais elevados. Os analistas acreditam que o desempenho da MRV pode ser impulsionado tanto pelo início do ciclo de redução de juros nos EUA pelo Federal Reserve (previsto para ocorrer neste ano) quanto pela continuidade da queda da taxa Selic no Brasil (o banco projeta cortes de 2,25 pontos percentuais na Selic até 2024).
Bradesco BBI reduz preços-alvos MRV (MRVE3) e Tenda (TEND3)
O Bradesco BBI cortou o preço-alvo da MRV (MRVE3) e Tenda (TEND3). O banco reduziu a MRV de R$ 17 para R$ 15, com potencial de alta de 92,8% sobre o fechamento de quinta-feira (18), e o da Tenda de R$ 21 para R$ 18, potencial de alta de 88,5%, reiterando recomendação de compra para as duas empresas.
Os analistas Bruno Mendonça, Pedro Lobato e Herman Lee escrevem que as duas construtoras ainda devem sentir efeitos de despesas financeiras e pagamentos relacionados às carteiras de recebíveis vendidas nos últimos anos.
“Acreditamos que a amortização vai drenar caixa nos próximos anos, o que deve levar as companhias a continuar a vender recebíveis para evitar queima de caixa até suas operações se recuperarem em 2026”, comentam.
O banco reduziu projeção de lucro por ação das duas empresas em torno de 50%, na média, neste ano, por conta desses efeitos, e 22% em 2025, mas acreditam que isso já está incorporado na performance recente das ações.
Operacionalmente, as duas empresas têm tendências positivas. A MRV dá sinais de que suas margens podem voltar a níveis pré-pandemia nos próximos dois a três anos, enquanto Tenda tem efeitos do programa Pode Entrar e do regime especial de tributação.
No setor, a preferência do Bradesco BBI ainda é mantida em Direcional (DIRR3) no setor de construção de baixa renda, com múltiplos descontados e um risco-retorno mais em conta. Tenda vem na sequência, seguido por MRV, Plano&Plano (PLPL3) e Cury (CURY3).