Naji Nahas é um dos personagens mais famosos do mercado de capitais brasileiro.
O empresário e especulador ficou conhecido por ter sido o homem que quebrou a Bolsa de Valores do Rio de Janeiro no ano de 1989.
Você sabe como isso aconteceu? O “Mercado tem história”, nossa newsletter semanal, te explica tudo sobre o caso; confira!
Quem é Naji Nahas?
Naji Robert Nahas nasceu no dia 03 de novembro de 1947, no Líbano. Seus pais se mudaram para o Egito, mas ele continuou no Líbano até 1969, quando veio para o Brasil. Aos 22 anos, Naji Nahas se mudou com o intuito de encontrar melhores oportunidades.
Ele trouxe para o Brasil uma fortuna de cerca de 50 milhões de dólares, que ele tinha herdado da família, para dar início a uma nova vida. Casado com uma brasileira, Nahas já chegou aqui com visto de residente.
Quando tinha em torno de 24 anos, o libanês conheceu dois irmãos, William e Lamar Hunt, que criaram um fundo de investimentos em união com dois sheiks árabes e um investidor saudita. O objetivo era controlar o preço da prata, para lucrar com a desvalorização do dólar nas décadas de 70 e 80.
Nesse meio, Naji Nahas foi o intermediador dos árabes, a ponte entre eles e os Hunt. Porém, com o medo da formação de um Cartel, o mercado norte-americano começou a regular o mercado de maneira mais firme.
Sendo assim, foram criadas diversas regras contra operações alavancadas e os preços começaram a embutir a incerteza dos investidores. O resultado disso foi que Naji Nahas foi condenado a pagar uma multa de 250 mil dólares.
Paralelo a isso, Naji Nahas construiu o seu conglomerado. Dentre os seus muitos negócios, estavam: fábricas, banco, seguradoras e até fazendas de produção de coelhos. Ele se tornou dono de um conglomerado multimilionário antes dos 40 anos de idade.
Trajetória no mercado
Na década de 80, o empresário começou a investir em ações na Bolsa de Valores do Rio de Janeiro. Além disso, ele também era dono de ações em estatais como Vale e Petrobras.
Em 1988, o nome de Naji Nahas tomou as manchetes dos jornais. Na época, ele adquiriu quantidades enormes de opções de compra de ações da Petrobras no momento que o valor estava baixo.
Mas qual o problema? Você pode estar se perguntando.
A questão é que o investimento de Nahas teria sido feito por laranjas. Com a ajuda de empréstimos bancários, ele contabilizaria cada vez mais lucros comprando ações e negociando com ele mesmo, numa forma de manipulação.
Naji Nahas teria mantido esse tipo de ação por meses, até que o presidente e diretores da Bovespa, insatisfeitos com o jogo de manipulação de Nahas que inflacionava as ações, convenceram credores a pararem de emprestar dinheiro para o investidor.
Os receios do presidente da Bovespa na época, Eduardo da Rocha Azevedo, estava sobre uma possível bolha especulativa e suas consequências dali em diante. Nesse caso, em 9 de junho de 1989, o Planibanc negou o pedido de financiamento de Nahas, assim como outros bancos.
A quebra da bolsa carioca
Após se ver sem empréstimos, Naji Nahas tentou ir pelo seu plano B. A empresa que ele controlava, a Selecta, realizou a emissão de um cheque sem fundos no valor de NCz$ 39 milhões (cruzados novos, moeda do Brasil na época) para pagar a compra de ações.
Sem dinheiro, os cheques sem fundos começaram a aparecer e as corretoras que intermediaram os negócios ficaram com a dívida.
A Bovespa então confiscou a carteira de ações de US$ 500 milhões de Nahas, compensando o prejuízo.
Depois desse episódio, corretoras saíram com prejuízos milionários, de modo que 5 delas faliram.
O pânico se instaurou no mercado assim que a notícia se espalhou. Como naquela ocasião ainda não tinha o “circuit breaker” como mecanismo de segurança, as negociações da Bolsa de Valores do Rio de Janeiro foram simplesmente suspensas.
Quando o mercado reabriu, ocorreu uma queda generalizada no mercado de ações, com ativos perdendo cerca de 1/3 do seu valor.
Esse evento levou a quebra da Bolsa de Valores do Rio de Janeiro em 1989 e causou fragilidade no órgão, que nunca mais se recuperou.
A história da Bolsa de Valores do Rio é facilmente associada a história de quem foi Naji Nahas, dada as proporções que a participação dele tomou nos rumos do órgão.
Naji foi preso e ficou em reclusão domiciliar por um ano. Depois, foi inocentado do caso. Apesar disso, sua condenação havia sido de 24 anos e 8 meses de prisão.
No entanto, não demorou muito para que ele se envolvesse em outro caso polêmico, voltando a ser preso em 2008.
Ficou curioso do que mais pode ter acontecido com o homem que quebrou a bolsa do RJ? Quem sabe a gente não te explica sobre esse caso na próxima semana?
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