As ações da Natura (NTCO3) desabaram na última terça-feira (13), após a publicação de uma reportagem do site “Capital Reset”, que informou que a companhia estaria mudando o foco de suas operações e deixaria de apostar em mercados fora da América Latina. De acordo com especialistas, o maior desafio da empresa está no cenário macroeconômico, principalmente no âmbito global, com a guerra entre Rússia e Ucrânia, que traz uma pressão ainda maior para os negócios da empresa.
Rússia e Ucrânia representam cerca de 20% da receita da Avon Internacional. Além disso, segundo informações do site, Avon e Natura estariam estudando a cisão da marca australiana Aesop e a venda da britânica The Body Shop.
Para Fabiano Vaz, analista da Nord Research, este é um dos grandes desafios da Natura, o cenário macro, que foge ao controle da companhia.
“Estamos vendo uma pressão muito grande nas principais matérias primas da Natura, e isso está pressionando as margens, está diminuindo receita, além da demanda bem comprimida para os produtos da Natura”, disse Vaz.
“Por outro lado, acho que eles estão fazendo uma gestão interessante. Tem um desafio muito grande ainda na integração das operações de Natura e Avon, principalmente lá fora. Estão mudando esse modelo de negócio da Avon, que é bem antigo, estão reestruturando isso, buscando sinergias dentro das companhias. Isso ainda está pesando no lado das despesas, mas a gente vê alguns pontos interessantes e oportunidades para o longo prazo, principalmente no cross selling [vendas cruzadas] entre as duas empresas”, complementou o analista da Nord.
A Natura é uma das empresas de varejo que mais sofreu durante a pandemia e, segundo especialistas consultados pelo BP Money, ainda apresenta resultados fracos devido ao ambiente inflacionário, com o aumento dos custos das suas matérias primas, e pela demanda que diminuiu por conta da atividade econômica mais fraca no cenário doméstico.
Para Victoria Minatto, analista da Eleven Financial, a reestruturação das empresas deverá simplificar a estrutura da holding, diminuindo custos e impulsionando o resultado como um todo
“Além de otimizar processos e dar mais clareza sobre o foco da Natura para o longo prazo, uma possível fusão das operações Natura e Avon na América Latina em uma única empresa e a cisão da Aesop e The Body Shop contribuiriam para esse objetivo, apesar de até então serem apenas rumores”, disse Minatto.
Como devem ficar as ações da Natura?
De acordo com Bruno Yui, assessor de investimentos da DOM Investimentos, o preço atual das ações da Natura refletem a desconfiança por parte dos acionistas em relação à capacidade de recuperação das unidades de negócio Avon International e The Body Shop, que estão desempenhando abaixo das expectativas.
“Vemos que no curto prazo a perspectiva macro segue desafiadora (demanda e margem, esta última impactada pela alta inflação global), bem como o cenário altamente competitivo do setor”, afirmou Yui.
O mercado espera por uma decisão da Natura, após a reunião do Conselho de Administração da companhia, que discute as mudanças de estratégia das empresas, nesta quarta-feira (14) e na quinta-feira (15).
As ações da Natura fecharam o pregão da última terça-feira (13) em queda de 6,46%, cotadas a R$ 15,86. Nesta quinta-feira, as ações operaram em alta. Por volta das 16h15, as ações subiam 3,22%, cotadas a R$ 16,37.