A Cade (Superintendência-Geral do Conselho Administrativo de Defesa Econômica) decidiu, nesta terça-feira (26), recomendar a impugnação da compra da DPA Brasil, controlada pelas multinacionais Nestlé e Fonterra, pela francesa Lactalis, informou o órgão em comunicado nesta terça-feira (26). Com a recomendação, a aquisição será avaliada pelo Tribunal do Cade.
Criada em 2003, a DPA afirma ser a maior empresa de iogurtes, sobremesas lácteas e requeijão do Brasil, detendo marcas como Chambinho, Molico e Chandelle. O negócio foi anunciado no final do ano passado, com a imprensa local citando valor de 700 milhões de reais. A DPA tem duas fábricas, uma em Pernambuco e outra em São Paulo. As informações são da Reuters.
As preocupações concorrenciais apontadas no parecer da superintendência, que estudou os mercados nos Estados de São Paulo, Pernambuco, Paraná e Minas Gerais, “estão relacionadas aos prováveis efeitos horizontais nos mercados de refrigerados lácteos, principalmente leite fermentado, petit suisse e sobremesas lácteas”, segundo comunicado do Cade.
Segundo o órgão, o mercado nacional tem um número reduzido de empresas rivais em âmbito nacional e baixa capacidade dos concorrentes “contestarem o poder de mercado resultante da operação nos mercados de leite fermentado, petit suisse e sobremesas lácteas”.
Essa dificuldade será reforçada, segundo a superintendência, “pelo extenso portfólio combinado de marcas da Lactalis e da DPA e dos ganhos de escala e escopo em marketing decorrentes desse portfólio”. O órgão citou ainda que as empresas já contam “acesso facilitado e privilegiado às gôndolas nos pontos de venda”. No Brasil, a Lactalis possui 13 marcas, incluindo Parmalat, Batavo, Itambé e Poços de Caldas.
A conclusão obtida pela superintendência é que a redução do número de empresas no segmento de refrigerados lácteos — de três para dois “efetivos” — vai gerar “possível aumento de preços por ambos os concorrentes, em proveito conjunto e em prejuízo dos consumidores”.
No entanto, no segmento de mercados de iogurtes, requeijão e captação de leite, a superintendência não identificou riscos concorrenciais decorrentes do negócio. Segundo a Lactatis, as categorias de iogurte e requeijão representam a maior parte da operação.
“No que tange às categorias de leite fermentado, sobremesas lácteas e petit suisse, o parecer da Superintendência-Geral recomendou a implementação de remédios parciais à concentração em análise”, afirmou a empresa em comunicado à imprensa.
“A Lactalis reforça sua confiança na total aprovação da operação após a análise técnica do Tribunal do Cade”, acrescentou a companhia.
Nestlé investirá R$ 3 bi para ampliar produção de chocolate no Brasil
A Nestlé informou que triplicará o investimento no Brasil, para ampliar e atualizar fábricas de biscoitos e chocolates no país no Brasil até 2026. De acordo com a companhia Suíça, será distribuido R$ 2,7 bilhões para o processo.
Ainda segundo o documento divulgado pela Nestlé, na quinta-feira (20), a valor é três vezes maior que a quantia investida nos últimos quatro anos e servirá para acelerar estratégia de crescimento da marca, no setor considerado “fatia relevante dos negócios da multinacional”.
Graças a alta demanda no setor, a Nestlé reportou alta de 24% nos últimos 12 meses, mesmo com o ambiente inflacionário que deprime os gastos dos consumidores, afirmou a companhia.
O investimento foi anunciado um mês após o CADE (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) aprovar que a Nestlé compre a Garoto.
A Nestlé tem no Brasil o maior segmento de chocolates do grupo no mundo e o investimento vai modenizar e ampliar as linhas de produção em Caçapava (SP), Vila Velha (ES) e Marília (SP), afirmou a companhia. As fábricas abastecem tanto o mercado brasileiro quanto exportações da Nestlé Brasil para cerca de 20 países.