A Nestlé ofereceu R$ 1,7 bilhão para comprar a divisão de pet food da BRF (BRFS3), valor abaixo da avaliação desejada pela empresa de cerca de R$ 2 bilhões, segundo fontes da “Bloomberg”. Dez empresas se mostraram interessadas na venda da empresa, sendo que oito estão prontas para assinar acordos de confidencialidade. Só nesta terça-feira (28), as ações da BRF subiram em 4%.
A Nestlé foi a primeira a fazer uma proposta pela divisão. O curioso é que as duas empresas concorreram, em 2021, para adquirir parte do negócio da pet food.
Analistas do Bradesco BBI avaliam que a oferta, mesmo abaixo, pode ajudar a reduzir o risco de balanço e potencialmente melhorar o fluxo de caixa da empresa.
A consultoria afirma que apesar da BRF perder R$ 150 milhões com a venda, o valor será compensado pela redução das despesas financeiras líquidas entre R$ 200-230 milhões por ano, considerando que o valor de R$ 1,7 bilhão seja utilizado para pagar dívidas.
BRF (BRFS3) terá 4T22 cru e recuperação deve ser lenta
A BRF (BRFS3) apresentou somente resultados líquidos negativos em 2022 (até o terceiro trimestre). No total, até o 3T22, foram cerca de R$ 2,1 bilhões de prejuízo e a expectativa é de mais um resultado negativo no 4T22. Além disso, os especialistas consultados pelo BP Money ainda esperam uma recuperação lenta da empresa, mesmo com as perspectivas de melhora no ambiente macroeconômico, que tem grande influência nas operações da companhia.
Para Fabiano Vaz, analista de Nord Research, o principal fator que deve continuar pesando sobre os resultados da BRF são as margens da companhia, que sofrem bastante com o aumento de custos.
“Acho que falta eficiência em algumas partes. Ela é muito exposta à atividade econômica e o cenário de inflação crescendo pra ela é mais difícil. O consenso do mercado e nossa expectativa é uma queda de mais ou menos 20% a 25% do Ebitda, por exemplo, mesmo com uma receita crescendo um pouco, que é a expectativa de um crescimento leve de cerca de 5%”, disse Vaz.
No terceiro trimestre de 2022, o prejuízo líquido da maior produtora de frangos e suínos do Brasil foi de R$ 136,8 milhões. A BRF registrou Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) de R$ 1,32 bilhão no 3T22.