O Nubank (NUBR33) apresenta seus resultados referentes ao terceiro trimestre de 2022 nesta segunda-feira (14), após o fechamento do mercado. O neobanco ainda não deve demonstrar uma virada nos números vistos recentemente em seus balanços. A expectativa, segundo analistas, é de um resultado misto, com destaque negativo para a inadimplência.
De acordo com Guilherme Zanin, analista da Avenue, assim como aconteceu com o Bradesco, com relação ao aumento da inadimplência, deve ocorrer com o Nubank.
“A gente viu um crescimento agudo da inadimplência no Bradesco, que trabalha com crédito para pessoa física e jurídica, diferente de Banco do Brasil que tem o crédito mais agrícola e Itaú, que tem uma base mais diversificada. Considerando isso, a gente deve ver um aumento de inadimplência também no Nubank”, disse Zanin.
“Temos um resultado misto de expectativa, preocupação maior com número de inadimplentes e menor crescimento de base de usuários”, complementou o analista da Avenue.
No segundo trimestre deste ano, o Nubank teve um prejuízo líquido consolidado de US$ 29,9 milhões. O resultado veio mais fraco do que o esperado pelo mercado. No primeiro trimestre deste ano, o neobanco teve um prejuízo líquido ainda maior, de US$ 45,1 milhões.
Segundo Zanin, é provável que o banco também apresente um custo de aquisição de novos clientes mais elevado. “No geral, em relação ao setor de bancos, vimos a área de crédito crescendo sim [no 3T22], receita com usuários ficando maior por causa da taxa de juros, mas exatamente por isso tivemos um maior nível de provisionamento para inadimplência”, afirmou Zanin sobre os resultados de outras instituições do setor no Brasil.
Para a sócia e analista de ações da Nord Research, Danielle Lopes, existe um certo ceticismo de que o banco continue seguindo uma trajetória de expansão de crédito.
“Acabamos de ver os resultados dos bancos. O mercado de crédito está deteriorando e a inadimplência aumentando, então imagino que a inadimplência do Nubank siga aumentando bastante, não o índice em si, porque eles têm a forma de cálculo deles, mas a forma como o mercado avalia”, disse Lopes.
Assim como Zanin, da Avenue, Lopes afirma que o aumento da inadimplência do Nubank deve aparecer principalmente na linha de pessoas físicas. “Acho que o Nubank deve tentar ter um tom mais conservador, esse é o esperado, principalmente porque a inadimplência subindo é bastante preocupante”, complementou Lopes .
Na outra ponta, a analista da Nord destaca que o banco deve apresentar uma receita media por cliente maior, porém isso não deve ser suficiente. “O Nubank vem dobrando esse número de receita média por cliente, o que ainda é muito simples, porque é um single digit, então a gente imagina que siga nessa toada. Volume de crédito as transações devem ter aumentado também, clientes devem ter passado de 70 milhões, mas no geral um resultado ainda bastante ruim”, disse Lopes.
A analista da Nord também destacou que o mercado está pessimista para as operações de crédito e para a forma como o Nubank acelerou isso quando os grandes bancos ainda mantinham uma postura mais conservadora.
“Agora a gente tem visto que os grandes bancos sofrerem bastante, com o aumento da inadimplência e a deterioração da carteira, então o Nubank, que estava em uma posição mais agressiva, deve resultados ainda piores”, reiterou Lopes.
“Inadimplência aumentando, lucro ajustado muito baixo para o tamanho da empresa e receita média por cliente chegando ao dobro porque é baixo, então eles têm conseguido ter esse ritmo porque ainda a receita média por cliente é muito baixa”, finalizou a analista.
Nubank anunciou fechamento de capital no Brasil durante 3T22
O terceiro trimestre do Nubank também foi marcado por um anúncio não muito bem visto pelo mercado. A instituição financeira anunciou o fechamento de capital no Brasil, mas apesar de não ser mais listado diretamente na B3, o banco seguiu com BDRs Nível 1 na bolsa brasileira.
As ações do Nubank em 2022 acumulam queda de cerca de 60% e estão cotadas a US$ 4,34 na Nyse (Bolsa de Nova York).