No Santander (SANB11), rentabilidade seguirá pressionada no 4T22

Juros altos e maior exposição a pessoa física devem afetar balanço da instituição financeira; caso Americanas idem

O Santander (SANB11) abre a temporada de divulgação de resultados de instituições financeiras no Brasil, referentes ao quarto trimestre de 2022, nesta quinta-feira (2). Para especialistas, devido aos juros altos e a maior exposição do banco a pessoas físicas, o Santander deve seguir com a rentabilidade pressionada. Além disso, o banco pode sofrer uma queda de 10% no lucro (anual) em 2023, devido ao rombo reportado pela Americanas (AMER3). 

Para Carlos André Vieira, analista chefe da casa de análises do TC, no terceiro trimestre, o Santander deve apresentar números mais fracos do que os que foram vistos no terceiro trimestre de 2022, em que o banco apresentou um resultado líquido de aproximadamente R$ 3 bilhões. 

“Nesse trimestre deve seguir nessa tendência de um resultado um pouco mais fraco, principalmente devido à inadimplência. Apesar das taxas de juros terem aumentado, o efeito da inadimplência está reduzindo ainda mais o lucro dos bancos”, disse Vieira. 

“Então estamos aqui com uma perspectiva um pouco mais negativa para Santander nesse trimestre. Até porque, pelo aumento da taxa de juros, o resultado da tesouraria dos bancos vem um pouco menor”, completou o analista. 

A analista da Empiricus Research, Larissa Quaresma, afirmou que a inadimplência da pessoa física só deve se estabilizar na metade do ano, no Santander. Por isso, e também por conta do episódio com a Americanas, em 2023, a rentabilidade do Santander deve seguir pressionada.

“A inadimplência da pessoa física deve continuar a pesar sobre os lucros do banco, cuja carteira de crédito tem uma alta proporção do varejo. Sendo assim, por mais que a ação esteja barata, preferimos assistir a evolução da operação do lado de fora. Temos uma visão neutra para SANB11 diante do valuation já deprimido”, disse Quaresma.

O analista CNPI-T e aluno da Eu me banco, Rafael Pastorello, destacou que o que pode acabar prejudicando o Santander no quarto trimestre é a questão do custo de crédito. 

“Como nós estamos com um patamar de juros elevado, nesse momento, o custo de crédito acaba ficando mais alto, o que pressiona e leva a uma contração dos lucros dos bancos, não só do Santander, mas de todos os bancos no geral. Mas o Santander e o Bradesco são, de fato, os que vêm apresentando sinais de contração maior. São os dois que eu diria que são os destaques negativos nos resultados do último trimestre”, pontuou Pastorello.

No terceiro trimestre de 2022, o Santander reportou lucro líquido gerencial de R$ 3,122 bilhões. O valor representou uma queda de 23,5% em relação ao trimestre imediatamente anterior.

Para o quarto trimestre e para o decorrer de 2023, o mercado espera pouco do Santander, já que existe – além do cenário macro – o agravante da Americanas. Gabriel Gracia, da Guide Investimentos, afirmou que as perspectivas da casa de análises para o Santander são neutras e reiterou que o banco deve ser afetado pelo caso da Americanas em 2023.

“Quando falamos sobre o Santander, nossas perspectivas ainda são neutras para 2023. Acreditamos que o nível de provisão para este ano continuará elevado – podendo ser agravado pela situação da Americanas – prejudicando o lucro do banco”,  disse Gracia.

De acordo com informações da Guide, na carteira de crédito dos bancos, o mais impactado pelo “caso Americanas” seria o Santander, em que a dívida representa cerca de 0,8% do total da sua carteira de crédito. Apesar de não ser o maior credor, tendo como base seu resultado do 3T22, também seria o com mais impacto nos seus lucros (a dívida da Americanas representa mais de 118% do seu lucro líquido no 3T22). 

Influência da Americanas no balanço do Santander

O Santander, junto ao Bradesco e ao Itaú, é um dos maiores credores da Americanas. Os especialistas consultados pelo BP Money afirmaram que os bancos podem provisionar a inadimplência da Americanas no balanço do quarto trimestre de 2022 ou do primeiro trimestre de 2023.

A analista da Empiricus Research, Larissa Quaresma, explicou que caso a provisão de 50% do empréstimo seja feita no quarto trimestre, deve haver um impacto de 50% no lucro do trimestre, que, nesse cenário, ocasionaria uma queda de 65% na comparação ano a ano. 

“Por outro lado, caso o provisionamento seja feito no primeiro trimestre de 2023, também estimamos uma queda de lucro de 65% (ano a ano), mas olhando o efeito anualmente seria uma piora de 10% na nossa estimativa de lucro para 2023”, destacou Quaresma.

Para Carlos André Vieira, analista do TC, os bancos devem reportar uma maior provisão no quarto trimestre de 2022, devido ao caso do rombo de R$ 43 bilhões da Americanas, mas as maiores perdas pelos bancos, em relação a varejista, devem ser reportadas no primeiro trimestre de 2023. 

“Esse resultado deve impactar o lucro dos bancos por todo ano”, disse Vieira.

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