Nubank (NUBR33): aumento de gastos e inadimplência preocupam mercado

Analistas esperam redução no prejuízo para o 2T22, mas destacam desafios do banco para chegar ao lucro

O Nubank (NUBR33) reporta seus resultados do segundo trimestre nesta segunda-feira (15), após o fechamento do mercado. De acordo com analistas consultados pelo BP Money, o possível aumento de gastos do banco com marketing – para atrair clientes e aumentar o número de aberturas de contas – junto à possibilidade do crescimento da inadimplência são dois dos fatores que mais preocupam o mercado em relação aos resultados do roxinho.

Segundo o analista Guilherme Zanin, da Avenue, o Nubank sempre se destacou por não precisar fazer investimentos elevados para atrair clientes, contudo o cenário macro atual tem dificultado o aumento de abertura de novas contas de pessoa física nos bancos. Os movimentos recentes anunciados pelo banco (como o corte do rendimento diário de 100% do CDI na NuConta) aumentam ainda mais os desafios para o neobanco.

“Para o Nubank, uma das coisas que nos preocupa é o aumento dos gastos em relação ao marketing. Esse é o grande catalisador que a gente espera ver no Nubank, se eles estão precisando gastar mais com marketing para abrir novas contas, como as outras instituições financeiras, e se esse gasto de marketing não vai impactar negativamente a empresa”, disse Zanin.

Para o analista CNPI da MundoInvest, Guilherme Paiva, um dos principais pontos para ficar de olho em relação aos resultados do Nubank é a desaceleração nas linhas de crédito, em especial para pessoa física. 

“O banco vem entrando nesse mercado de crédito para pessoa física e com a alta de juros é normal que a gente espere uma desaceleração nesse crescimento”, disse Paiva.

Segundo os especialistas, apesar de não existir expectativas de lucro para o neobanco no segundo trimestre, é esperado que haja uma redução no prejuízo do banco para algo em torno de US$ 30 milhões.

De acordo com Danielle Lopes, sócia e analista de ações da Nord Research, o mercado ainda está bastante pessimista com o banco. 

“Nubank ainda está rodando em prejuízo, queimando caixa, e foi na contramão dos bancos. Assim como vimos a inadimplência dos bancos aumentando, imagino que veremos a do Nubank também e isso deve ficar cada vez mais claro nos próximos balanços. Eles aceleram os empréstimos, então a carteira de crédito deve continuar subindo, a inadimplência deve subir e o lucro deve continuar caindo”, destacou Lopes. 

Os especialistas consultados pelo BP Money destacaram que o mercado está de olho na inadimplência, lucro líquido (prejuízo) e o possível aumento de gastos do banco. 

De acordo com Guilherme Paiva, da MundoInvest, também vale ficar de olho no crescimento do portfólio de cartões. Isso porque o Nubank está com uma filial no México, especialmente para operações de cartões de crédito.

“Ele está abrindo esse braço no México e a gente espera esse possível crescimento do portfólio de cartões, com aumento de receitas, talvez não significativa nesse segundo trimestre, mas no terceiro sim. Vale a gente ficar de olho se vai estar ter um bom crescimento”, disse Paiva.

Ações do Nubank caíram mais de 60% desde IPO

As ações do Nubank operam em alta de 10,12%, no pregão desta segunda-feira (15), cotadas a US$ 4,68 na NYSE (bolsa de valores norte-americana).  

Quando o Nubank abriu capital na bolsa de valores, as ações do roxinho chegaram a ser cotadas a quase US$ 12. Com o valor atual (que ronda os US$4,68) a queda dos papéis está acima de 60%. 

“Hoje, o Nubank tem valor de mercado de US$ 19 bilhões, sendo que ela chegou a ser cotada mais do que os grandes bancos, contudo suas ações decaíram bastante, principalmente porque a gente viu um aperto monetário muito forte ao longo dos últimos meses nos EUA e, principalmente, no Brasil e um cenário onde se permeou menos crescimento e mais solidez de balanços e resultados”, afirmou Zanin, da Avenue.

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