O lucro do Nubank (NUBR33) pelo segundo trimestre consecutivo chamou a atenção do mercado, mesmo já sendo esperado nas prévias. Para além do lucro, o mercado viu como positiva a queda na inadimplência de curto prazo e a alta no número de novos clientes; mas será que as ações do banco valem a pena agora?
Para Guilherme Zanin, analista da Avenue, o resultado do Nubank no quarto trimestre de 2022 foi positivo, não à toa as ações refletiram bem no pregão pós-resultado. O BDR do Nubank, na última quarta-feira (15), fechou em alta de 3,72%, cotado a R$ 4,46.
“O resultado do 4T22 demonstra, claramente, que a instituição entendeu o momento econômico atual que é difícil, é desafiador e, principalmente, se adaptou a isso. Os investidores hoje buscam empresas com balanços robustos, menor alavancagem, maior eficiência operacional e claramente a empresa busca fazer isso”, disse Zanin.
Zanin destacou que o Nubank conseguiu adicionar uma boa quantidade de clientes, o que foi expressivo, mesmo em um cenário econômico desfavorável para o neobanco. O total de clientes do “roxinho” chegou a 74,6 milhões, registrando um crescimento de 38% em relação ao quarto trimestre de 2021.
“Dito isso, nesses preços atuais, não colocamos na nossa carteira recomendada ainda, mas a gente vê com bons olhos o trabalho da instituição financeira e as ações começam a chamar mais a atenção para colocarmos a empresa no nosso radar”, afirmou Zanin.
O especialista também destacou que o “case” do Nubank, a longo prazo, é interessante. “Gostamos da ideia de poder ter oportunidades de investimento em uma fintech brasileira e acho que ela demonstra um crescimento, seja em outros países ou em linha de crédito”, complementou Zanin.
Análise sobre os números reportados pelo Nubank
O Nubank registrou lucro líquido ajustado de US$ 113,8 milhões no quarto trimestre de 2022, uma alta de 3.456% frente ao lucro de U$ 3,2 milhões registrados no mesmo intervalo de 2021.
Excluindo os efeitos do lucro ajustado, o Nubank teve resultado líquido de US$ 58 milhões no quarto trimestre, o segundo resultado positivo do banco desde sua abertura de capital.
O especialista da Avenue, Guilherme Zanin, destacou que o banco não aumentou a inadimplência, conseguindo diminuir a de curto prazo de 4,2% para 3,7%.
“Isso é algo bem significativo. Os bancos estão vendo aumentar e a inadimplência do Nubank tem aumentado na margem, mas eles têm demonstrado que eles estão fornecendo crédito de uma maneira bem conservadora, então particularmente a gente gostou dos números do que foram apresentados”, disse Zanin.
Apesar das mudanças feitas no Nubank – que funcionaram – para melhorar os resultados, a analista e sócia da Nord Research, Danielle Lopes, destacou que as provisões sempre serão um ponto de atenção para o banco, já que o perfil de clientes da fintech no Brasil é de um público que tende a necessitar mais de crédito, mas também tem maior risco para dar calote.
“A PDD [Provisão para Devedores Duvidosos] será sempre um ‘tradeoff’ para o Nubank, né? O perfil de clientes que eles atendem, que eles conseguem captar, é um perfil que pode ficar inadimplente, tem mais probabilidade, é um perfil que sofre bastante com a inflação voltando, né? É um perfil que sofre bastante com o custo de crédito bem alto”, disse Lopes.
“Vou crescer receita, mas vou ter que aumentar minhas provisões, porque possivelmente terei a inadimplência, então é um business difícil por esse motivo”, exemplificou Lopes.
Por consequência, segundo a especialista, o negócio do Nubank acaba não sendo muito rentável, porque sempre terá que puxar em alguma das pontas e o seu resultado acaba não sendo 100% positivo para a empresa.
“No geral, nas primeiras linhas dos resultados, foi bastante positivo, esperado pela gente, receita subindo, mais clientes, maior taxa de atividade. Já esperávamos que eles dessem lucro também, principalmente por essa movimentação do bônus do David Vélez”, disse a sócia da Nord Research.
“As minhas preocupações são o crédito no Brasil, aumento de inadimplência e a forma como eles ainda, de forma agressiva, dão ferramentas para os clientes financiarem e refinanciarem as dívidas”, concluiu Lopes.
O Nubank espera uma expansão da margem financeira líquida neste ano, já que o neobanco entrará no segmento de empréstimos consignados no segundo trimestre deste ano, segundo afirmou o presidente da instituição, David Vélez, em conferência com analistas nesta semana.