Investidores do Nubank (NUBR33) devem vender ações da empresa, segundo analistas

Analistas consultados pelo BP Money afirmam que, no curto e médio prazo, ações do banco devem continuar sofrendo, acompanhando o movimento global das techs

Quem se tornou acionista do Nubank (NUBR33) no IPO (oferta pública inicial de ações), ou recebeu os “pedacinhos” (BDRs) do banco através do NuSócios, poderá negociar os ativos no dia 17 de maio, segundo comunicado do banco, divulgado na última segunda-feira (2). Com o fim antecipado do “lock-up” (prazo colocado em contrato, em que os investidores não podem vender as ações), parte dos investidores, segundo analistas, deveria vender suas ações a preço de mercado, a depender do objetivo de cada pessoa, obviamente. 

Segundo os analistas consultados pelo BP Money, este movimento de venda dos papéis deverá acontecer por causa do cenário atual global, onde as empresas de tecnologia têm sofrido um movimento de desvalorização nas bolsas. Desde o IPO, os papéis do Nubank, por exemplo, acumulam queda de cerca de 40%. 

Nos Estados Unidos, por exemplo, a Nasdaq, bolsa de valores conhecida por listar gigantes do setor de tecnologia, já acumula queda de cerca de 20% em 2022. 

Para o fundador e analista da Sara Invest, Marco Saravalle, o movimento de venda das ações do Nubank e de outras empresas de tecnologia é algo natural para o pequeno investidor neste momento.

“As ações do Nubank vêm se desvalorizando muito. A companhia foi avaliada, na época do IPO, em mais de US$ 40 bilhões e, hoje, vale cerca de US$ 25 bilhões. Isso gera uma especulação sobre ‘porquê anteciparam o fim do lock-up’. O mercado está ansioso falando que a companhia poderia fazer um novo aumento de capital, mas isso não foi confirmado, pelo menos até agora. É natural que o pequeno investidor, que possui essa ação, opte por vender. Esse movimento pode trazer alguma pressão adicional para as ações”, disse Saravalle. 

Para o analista Thomas Pedrinelli, responsável pela plataforma MundoInvest, a questão de comprar e vender deve sempre levar em consideração o porquê do movimento. 

“Se você comprou Nubank, por que você comprou? Se foi pelo projeto, pelo case de sucesso, por ter sido até o momento uma das maiores fintechs revolucionárias do mundo, posso garantir que isso não mudou e o projeto continua o mesmo, melhorando a cada trimestre. Agora, se você comprou querendo ter um ganho rápido e sair com lucro no bolso, é um momento de atenção. A curto prazo, a empresa deve enxergar uma desvalorização de mercado, principalmente pelo lock up do dia 17 de maio”, explicou Pedrinelli.

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O analista destaca que para quem visa o longo prazo, ou é um investidor com um perfil mais arrojado, é interessante manter posição nas ações e até mesmo aproveitar essa queda das ações do banco para aumentar a posição. 

“Uma vez que o Nubank achar a solução para monetizar sua base e conseguir pagar os custos da tecnologia implementada, nem o céu será o limite. Mas, claro, esse desafio pode demorar e a empresa perder o timing de atuação. É uma ação de alto risco com um alto poder de multiplicação. Para investidores mais agressivos, eu falaria que vale a pena se expor”, disse Pedrinelli.

Nubank pode dar lugar a outros papéis na carteira

Já para Saravalle, da Sara Invest, existem ações mais fortes para o curto e médio prazo, que podem representar uma oportunidade mais interessante no cenário atual. 

“Aqui continuamos preferindo, no curto e médio prazo, ações com forte geração de caixa, com boa lucratividade, maior previsibilidade, até para surfar esse mar de incertezas que a gente tem em um momento desafiador, somado a outros pontos como talvez menor crescimento global, juros nos EUA e no Brasil. Isso tudo traz preocupações para ativos como Nubank, que tem um crescimento implícito muito grande. O investidor do Nubank hoje tem que olhar ativos em bolsa com muita cautela, por isso a gente espera sim que grande parte realize (venda) sua posição em bolsa”, afirmou.

Os analistas concordam que o Nubank é visto como um ativo mais global do que nacional. Ou seja, a empresa é vista como mais do que uma fintech brasileira. Além disso, a companhia é muito mais inclinada ao setor de tecnologia do que ao setor financeiro, para os investidores, e o setor tech tem sofrido com a volatilidade desde o ano passado – quando as taxas de juros dos EUA começaram a subir e o mercado começou a temer a inflação no país norte-americano.