O Nubank (NUBR33) estaria estruturando um time para entrar na área dos bancos de investimento, “com a estruturação de emissões e captações para empresas, como debêntures e certificados de recebíveis”, segundo apurado e reportado pela “Agência Estado”. Além de aumentar sua receita com a operação da Nu Invest, “a ideia é oferecer estes papéis como alternativa de investimento à sua enorme base de clientes de cartões no Brasil, que já supera 52 milhões de pessoas”, informou a reportagem.
E o negócio já estaria fechado. A Nu Invest teria sido a coordenadora líder de uma operação de R$ 130 milhões em CRI (Certificados de Recebíveis Imobiliários) da Vert Securitizadora. A emissão é lastreada em debêntures da incorporadora You Inc, que vai usar os recursos para bancar obras.
O banco estaria buscando trilhar um caminho semelhante ao da XP, informaram fontes à equipe do “Broadcast”. A diferença para a corretora liderada por Guilherme Benchimol é que a XP consolidou a figura dos agentes autônomos, enquanto o Nubank estaria apostando em sua própria base, “na maioria formada por jovens entusiasmados pela marca, que fazem boca a boca e atraem novos clientes”.
A fintech estaria rondando times dos grandes bancos de investimentos para recrutar profissionais que possam ajudar a liderar a nova área de negócios e já teria conseguido levar alguns nomes, informou a agência de notícias. O Nubank teria incluído na proposta benefícios como ações da holding, com a condição de que a pessoa permaneça com a companhia por ao menos três anos.
O movimento não vem sendo tão bem recebido no setor, segundo apurado pelo “Broadcast”. Para o mercado, a base de clientes do Nubank – que é apresentada como o trunfo da companhia – não tem um perfil atraente para esse tipo de investimento. Com base nos dados de consumo na linha de gastos de base média e baixa no roxinho, os bancos de investimentos entendem que grande parte desses clientes tem pouco dinheiro para investir em ações.
Outra parte dos analistas acredita na nova empreitada do Nubank, já que o banco está bem capitalizado após abrir o capital no fim de 2021. Com isso, a empresa conseguiria usar seu balanço para bancar as operações e teria tempo suficiente para desenvolver e aprimorar os produtos em sua base. Procurado pela equipe da “Agência Estado”, o Nubank não se pronunciou sobre o assunto.
Operação do cartão de crédito do Nu terá ano desafiador
Conforme o BP Money reportou na terça-feira (26), os números da operação do cartão de crédito, que ajudou a alçar o Nubank ao patamar que alcançou hoje no mercado, como um dos bancos mais valiosos da América Latina, já não brilha mais os olhos dos investidores. Além do risco padrão de mercado com a escalada das taxas de juros e dos índices de inflação, o banco digital conta com um outro desafio na empresa: sua gestão.
Em entrevista a este site, a sócia da Nord Research Danielle Lopes recordou que 80% das classes das ações votantes pertencem a David Vélez, “então ele pode mudar todo controle da empresa”. Para ela, em um cenário volátil, a concentração do poder decisório pode causar “um descasamento dos resultados da companhia com as despesas de remuneração para gestão”.
Vale lembrar que o neobanco voltou às manchetes após a descoberta de que oito membros da diretoria, que inclui a cantora Anitta, devem receber R$ 804,423 milhões em remuneração neste ano.
E apesar do expressivo volume de usuários na base do roxinho, as taxas de intercâmbio e os juros relacionados aos cartões de crédito, grande parte da receita da fintech, responderam por 27,8% e 22,1%, respectivamente, da receita do banco no quarto trimestre do ano passado. No mesmo período do ano anterior, a fatia das operações foi de 34,5% e 28,5%, na mesma ordem. Essas quedas, segundo o próprio Nubank, tornam os negócios e resultados operacionais mais instáveis.O Itaú BBA prevê prejuízo ajustado de R$ 193 milhões da fintech no primeiro trimestre deste ano.