Embora seja uma tarefa difícil e, provavelmente impossível, prever com exatidão os rumos da cotação da principal moeda da economia global, é possível medir os termômetros sobre a performance da moeda norte-americana. A poucas semanas para 2024, à medida que o ano se aproxima do encerramento, é frequente observar um aumento na demanda por moedas estrangeiras por parte de empresas e agentes financeiros. Esse comportamento costuma impulsionar a valorização do dólar. Além disso, os indicadores estáveis referentes à inflação nos Estados Unidos têm favorecido o mercado financeiro da nação. Paralelamente, o euro também segue a mesma tendência ao apresentar uma trajetória ascendente.
O BP Money entrou em contato com Paulo Abrantes, sócio da Aware Investments em Portugal, para entender o panorama e as expectativas para o fim deste ano.
De acordo com Abrantes, a variação do dólar no mês de novembro de 2023 pode ser explicada por uma série de fatores, em especial estes dois: a taxa de juros nos Estados Unidos e a inflação no Brasil. Ele cita a Reserva Federal dos EUA (Fed), que tem aumentado os juros para conter a inflação, tornando os ativos americanos mais atraentes para investidores estrangeiros. Simultaneamente, a alta inflação no Brasil também é outro fator a ser levantado, uma vez que reduz o poder de compra dos consumidores, aumentando a demanda por dólares como proteção contra a desvalorização do real.
Perspectivas para o final do ano
Quanto ao encerramento do ano de 2023, Abrantes pontua: “É difícil prever com exatidão como o dólar deve concluir este ano. Entretanto, é provável que a moeda norte-americana continue a se valorizar em relação ao real, devido aos fatores mencionados anteriormente.”
“A maior procura pelo dólar, mesmo com a moeda batendo R$ 5,22, pode ser explicada pela necessidade de importações, fuga de capital estrangeiro e incerteza econômica no Brasil,” observa o especialista. Esses fatores têm impulsionado a busca pela moeda estrangeira, mesmo em patamares elevados.
Euro: perspectivas e movimentações
Recentemente, o dólar comercial atingiu sua cotação mais alta desde março, alcançando o valor de R$ 5,22 para venda. Entretanto, essa leve valorização da moeda americana no mês anterior resultou em um aumento da demanda nas casas de câmbio.
De acordo com dados da Travelex Confidence, as vendas de dólar em outubro apresentaram um aumento de 6% em relação a setembro. Por outro lado, houve uma queda de 21% na procura em comparação com o mesmo período do ano anterior.
Ao tratar da movimentação dos brasileiros em relação às moedas européias, Paulo destaca: “Há uma percepção de fuga dos brasileiros das moedas europeias. A guerra na Ucrânia, a crise energética e a inflação na Europa estão levando os investidores a buscarem ativos mais seguros, como o dólar.” A incerteza geopolítica e econômica na região está afetando a confiança dos investidores.
Análise para 2024
“A conjuntura atual para o euro é incerta. Os fatores externos, como a guerra na Ucrânia e a crise energética, podem desvalorizar a moeda no curto prazo,” alerta Abrantes.
Sobre o próximo ano, a análise de Paulo Abrantes é cautelosa. O especialista destaca que é difícil prever com exatidão como o dólar e o euro se comportarão nos primeiros meses de 2024. No entanto, “é provável que continuem a se valorizar em relação ao real, considerando os cenários de incerteza econômica global”.
“É importante ressaltar que o mercado financeiro é dinâmico e as condições podem mudar rapidamente. É fundamental acompanhar as notícias e análises para tomar decisões informadas,” conclui Abrantes. As perspectivas podem variar conforme a análise dos especialistas, sendo crucial considerar diferentes visões antes de tomar decisões financeiras.