Após reportar um prejuízo líquido de R$ 320 milhões no segundo trimestre deste ano, a Oi (OIBR3) tende a seguir o caminho que já era planejado – de enxugar suas operações para focar ainda mais na fibra ótica. Segundo analistas consultados pelo BP Money, o problema da empresa está exatamente em encontrar um equilíbrio entre investir para voltar a crescer com o novo negócio e cumprir obrigações em relação às suas dívidas.
Para Fabiano Vaz, analista da Nord Research, operacionalmente, a Oi teve uma boa evolução no segundo trimestre, no que “a nova companhia” se propõe a fazer. O analista destacou que a receita de fibra segue avançando, aos poucos.
“A gente vê um avanço incipiente em relação a receita da fibra pro varejo. Para pessoa física, principalmente, a gente vê uma evolução melhor. No B2B, para pequenas empresas médias empresas, a Oi está com bastante dificuldades. O cenário macro não ajuda, a pandemia atrapalhou muito, e ela está sentindo isso ainda e está com dificuldade em crescer no B2B”, disse Vaz.
O analista destacou o grande desafio da companhia, que é crescer em seu novo core (fibra ótica) e, ao mesmo tempo, arcar com suas dívidas, que ainda estão altas.
“A gente vê despesas financeiras pesando bastante no lucro, então a Oi vai continuar sofrendo com isso. Ela precisa investir para voltar a crescer com o novo negócio, então é uma empresa que está queimando caixa. Ela não consegue conciliar investimento, os custos dela e o cumprimento das obrigações dela em relação às dívidas”, explicou Vaz.
O analista de ações da gestora de recursos Komatu, Pedro Novaes, segue a mesma linha de raciocínio de Vaz, e também destaca a tentativa da Oi de dar a volta por cima focando no segmento de fibra.
“Basicamente, a companhia está enxugando a operação dela, focando na fibra ótica, que é o seu business promissor. Ela tem, hoje, dois braços de negócios, que são a parte de fibra e a parte de cobre. Apesar da receita ter ido mal e ter caído mais de 30% ano contra ano, um ponto positivo é que a parte de fibra cresceu 39% ano contra ano e é uma parte promissora. Esse é o futuro da Oi, é o que ela pretende continuar fazendo”, disse Novaes.
Dívida da Oi é a maior pedra no caminho da reestruturação
O especialista em mercado financeiro e CEO da Box Asset Management, Fabrício Gonçalvez, destacou que um dos pontos positivos para a Oi no segundo trimestre foi o fato do caixa disponível ter aumentado. O problema, entretanto, é que a Oi segue em recuperação judicial e suas dívidas, apesar de terem diminuído, ainda são expressivas.
“O mercado não esperava que viesse lucros por parte da companhia nesse trimestre. O caixa aumentou, isso sugere um bom cenário para a empresa, entretanto a companhia continua em recuperação judicial e os investidores sabem que ela precisa ter uma transformação completa. Por isso, existe a aversão ao papel”, disse Gonçalvez.
Fabiano Vaz, da Nord, também comenta sobre a dívida da empresa, que é a maior dificuldade no caminho da Oi em relação a sua reestruturação.
“Por causa das vendas, da telefonia móvel e da participação na V. Tal, a Oi conseguiu caixa e amortizou parte das dívidas. A gente viu uma dívida bruta saindo de R$ 33 bilhões para R$ 21 bilhões, mas ainda é uma dívida bem alta para uma empresa que gera mais ou menos R$ 500 milhões de Ebitda por trimestre. Então ela vai continuar com uma alavancagem bem alta e nesse cenário de juros de hoje é bem complicado”, destacou Vaz.
O analista de ações da Komatu, Pedro Novaes, também salienta a dívida da Oi como o grande problema da empresa.
“Ela teve um lucro muito ruim, porque teve um resultado financeiro líquido negativo de R$ 3,1 bilhões. A diferença foi gritante em dois trimestres, mas é realmente por conta da dívida. A empresa faz de tudo para conseguir enxugar. Ela vendeu ativos, conseguiu amortizar, tem uma dívida de R$ 16,1 bilhões dívida líquida, queda de 48% frente ao primeiro trimestre deste ano, mas ainda é uma dívida muito alta”, disse Novaes.
Segundo os especialistas consultados pelo BP Money, as perspectivas para a Oi nos próximos trimestres são complicadas, justamente por causa do endividamento da companhia. Apesar da empresa ter reportado uma queda nas dívidas, ela ainda é uma companhia bastante alavancada, de acordo com os analistas.