Depois de seis longos anos, a recuperação judicial da Oi (OIBR3) se aproxima do fim. Com a redução da dívida total da empresa, o presidente da companhia, Rodrigo Abreu afirmou que a companhia tem, agora, planos para se tornar a maior companhia de conectividade de fibra do País. Segundo analistas ouvidos pelo BP Money, a empresa de telefonia terá que resolver uma equação complexa: expandir a rede de fibra, e, ao mesmo tempo, reduzir a dívida corporativa.
De acordo com Fabiano Vaz, analista da Nord Research, a Oi tem – claramente – o foco de voltar a ser uma empresa rentável e lucrativa. O desafio da empresa, entretanto, está no equilíbrio necessário para fazer isso e, ao mesmo tempo, arcar com o seu (ainda) grande endividamento.
“Eles precisam conciliar muito bem o investimento super elevado para expandir a fibra e ao mesmo tempo conseguir arcar com os débitos, cumprir com os credores deles. É uma empresa que acaba queimando bastante caixa, então esse é o principal desafio”, disse Vaz.
A Oi se desfez de sua operação de infraestrutura de Fibra Óptica, a V.Tal, recentemente. Além disso, a empresa também concluiu a venda de seus ativos móveis, a unidade Oi Móvel, para o consórcio formado por Claro, Vivo e Tim. Todos esses movimentos ajudaram a aumentar a entrada de recursos no caixa da empresa. Entretanto, mesmo com a relativa melhora em seus números, o mercado segue questionando a operação da empresa e os papéis da tele na Bolsa de Valores de São Paulo (B3).
“A Oi fez alguns pagamentos de dívidas, mas continua bem alavancada. Acho que é muito difícil a gente falar o que deve acontecer com os papéis, porque estamos vivendo um momento no mercado super complicado. Teses de risco, como a da Oi, sofrem muito mais nesses momentos, e a gente ainda vê juros subindo, o que acaba pressionando as despesas financeiras da companhia, isso ainda tira uma perspectiva, pressiona os resultados dela, aumenta os prejuízos e o mercado tende a pressionar muito mais esses tipos de papéis”, afirmou Vaz.
Em entrevista recente, o CEO da Oi afirmou que o principal plano da companhia, atualmente, é dobrar o número de clientes de fibra óptica, que se encontra em 4 milhões. A ideia é chegar a 8 milhões de clientes em 2025.
De acordo com Vaz, esses números estão próximos do que o mercado já esperava. “São números bem próximos do que a companhia soltou no guidance, no meio do ano passado”, disse. Para o analista da Nord, o principal fator que pode vir a destravar o valor das ações da Oi, na bolsa, é o fim da recuperação judicial da empresa.
“É um ponto interessante. A empresa vai poder entrar em índices, como o Ibovespa, por exemplo. Empresas em recuperação judicial não podem. Além disso, ela ficará apta a entrar em alguns fundos. Muitos fundos de investimentos não podem investir em ações de empresas em RJ. Saindo dessa recuperação, ela volta a ser apta a esses tipos de fundo, o que tende a melhorar a base de acionistas da Oi, que hoje é muito pautada por pessoas físicas, o que aumenta o fator da volatilidade dos papéis”, explicou o especialista.
O especialista Fabrício Gonçalvez, Ceo da Box Asset Management, tem uma outra visão sobre a companhia. Para ele, os papéis da Oi continuarão sendo de alto risco, no médio prazo.
“Os papéis têm fundamentos bastante deteriorados. O prejuízo acumulado supera os 27 bilhões de reais, apenas nos últimos três anos, e a sua dívida líquida chegou aos 32,99 bilhões de reais no final do ano passado”, disse Gonçalvez.
Gonçalvez também destaca que o processo judicial pelo qual a companhia ainda passa é complexo e, por isso, uma série de desafios permanecem no radar da empresa.
“A empresa tem desafios, como a capacidade de amortização da dívida ao longo do tempo, qual será a fatia de mercado que alcançará em um ambiente bastante concorrido (provedores locais e grandes do setor), e qual será a sua capacidade de gerar resultados. Somente no ano passado o prejuízo líquido da Oi foi de 9,1 bilhões de reais, então não será uma tarefa fácil”, pontuou Gonçalvez.