
O mercado de renda fixa está atrativo com o aumento das taxas de juros mundo a fora. Apesar de garantirem alta rentabilidade no atual cenário, um outro ativo ganhou as manchetes com sequências ainda maiores de altas em sua série histórica: o Ouro.
Apesar de baixa, títulos públicos ainda são vítimas de oscilações diárias. Pensados como investimentos a longo prazo, o mercado de renda fixa sinaliza uma mudança de comportamento à medida que órgãos monetários observam uma desaceleração na economia.
Segundo o economista da Top Gain, Bruno Cotrim, o ouro continua valioso porque ele continua tendo uma oscilação menor do que as taxas de juros, logo é um ativo de proteção. Quando há receio de uma economia estagnada a proteção vem no ouro.
“Os títulos ficam à mercê da economia voltar a ficar aquecida, consequentemente, ter novos cortes de taxas de juros. Esses cortes diminuem a rentabilidade, incentiva o fluxo monetário na economia e, consequentemente, o preço do título acaba subindo.”, explica Cotrim.
O ouro, historicamente, é o principal ativo para transportar valor ao longo do tempo. E, até hoje, segue sendo um ativo que as pessoas podem recorrer em momentos de instabilidade. O economista Bruno Corano resume esse efeito com a cobertura econômica sobre o ativo:
“Quando falam que o ouro bateu máxima histórica, ele sempre vai bater máxima histórica, porque as moedas, ao longo das décadas, vão se desvalorizando. E o ouro vai se apreciando para acompanhar o valor, a desvalorização das moedas.”, segundo o especialista, o ouro segue a inflação na história, ou seja, transporta o poder de compra ao longo do tempo.
Paridade com o dólar
Segundo Corano, o preço do ouro é regido como qualquer outro ativo, por oferta e demanda. “A demanda subiu pela instabilidade e pelo aumento de demanda existiu uma apreciação.”, afirmou.
O ouro é um bem escasso, sem risco de contraparte e altamente líquido. Além disso, bancos centrais e investidores institucionais utilizam o ouro como reserva de valor, o que sustenta sua demanda, resume o economista Alex André.
Para ele, normalmente existe uma correlação inversa entre ouro e dólar. Com a desvalorização da moeda expansionista, o investimento em renda fixa-norte americana perde o sentido, principalmente sobre incertezas sobre as tarifas do presidente republicano Donald Trump.
Segundo Cotrim, esse é o investimento mais comum ao menor sinal de desvalorização. “Quando tem o corte da taxa de juros para incentivar a economia e o fluxo monetário interno, obviamente você começa a identificar uma desvalorização do dólar porque não tem mais motivo mandar dinheiro para os EUA. Consequentemente, aumenta o fluxo dolarizado no mundo que faz a moeda se desvalorizar.”
O CEO da Stay, Tsai Chi-yu, confirma o comportamento ao citar que a desvalorização do dólar americano tornou o ouro mais acessível para investidores estrangeiros, elevando sua demanda: “A contínua busca por segurança e a instabilidade econômica global contribuíram para a manutenção dos preços elevados do metal precioso.”
Ouro tem alta rentabilidade
Gabriel Senna, gestor financeiro e patrimonial, destaca como o ouro pode ser uma estratégia para fortalecer a carteira de investimentos nesse cenário, além de uma alta liquidez, permitindo sua compra e venda a qualquer momento, fornecendo a possibilidade de converter investimentos em dinheiro de forma rápida.
“O ouro é uma forma de diversificar as carteiras de investimentos. Geralmente, ele tem uma correlação negativa ou baixa com outros ativos financeiros, como ações e títulos. Isso significa que quando outros investimentos caem de valor, o ouro pode se manter ou aumentar, reduzindo o risco geral do portfólio, diminuindo a volatilidade e possibilitando o aumento de rentabilidade.”