Petróleo, agro e mais

Pacote de estímulos da China: impactos vão além da Vale (VALE3)

Especialistas pontuaram outros setores que devem se beneficiar com os estímulos na economia chinesa e quais os ganhos para a Bolsa

Pacote de medidas da China
Foto: Freepik

A Vale (VALE3) tem vivido dias de glória ao longo desta semana, desde que a China anunciou um pacote de medidas para estimular a economia. A mineradora brasileira disparou na Bolsa e chegou a recuperar R$ 13 bilhões em valor de mercado.

O motivo? minério de ferro. As medidas anunciadas pelo governo chinês têm como foco, entre outras coisas, investimentos na construção civil e desenvolvimento urbano – o que significa que a demanda pela commodity vai crescer.

Não só a Vale (VALE3), mas outras mineradoras tendem a surfar na onda de exportações ao país asiático.

Especialistas consultados pelo BP Money, porém, chamaram atenção para outros setores que tendem a ganhar com o pacote de estímulos da China.

Como principal parceiro comercial do Brasil, em um cenário de alta nas importações, outras commodities, como soja e petróleo, devem passar por aumento na demanda, disse Anderson Santos, sócio da Matriz Capital.

“Uma recuperação da demanda chinesa pode impulsionar tanto as exportações quanto os preços dessas matérias-primas, resultando em um cenário mais favorável para empresas exportadoras brasileiras”, afirmou Santos.

Petróleo, agro e exportadoras

Mariana Conegero, especialista em mercado de capitais e sócia da The Hill Capital, destacou que as siderúrgicas brasileiras, como Gerdau (GGBR4), CSN (CSNA3) e Usiminas (USIM5), podem se beneficiar, já que o aço também é amplamente utilizado em projetos de infraestrutura e construção civil.

Além disso, empresas do agro, como BRF (BRFS3), Marfrig (MRFG3) e Minerva (BEEF3) devem ganhar destaque. “O setor agrícola brasileiro pode ver um aumento na demanda por soja, milho e carne, dado o papel central da China como importador de alimentos”, disse Conegero.

O pacote de medidas da China também visa o aumento do consumo interno, uma vez que haverá maior disponibilidade de crédito a um custo mais baixo.

Nesse sentido, Marcelo Nantes, head de renda variável do ASA, chamou atenção para os benefícios aos produtores de celulose, devido ao provável crescimento na demanda por embalagens.

Pacote de estímulos da China pode beneficiar a Bolsa

De forma indireta, a Bolsa de Valores do Brasil pode se beneficiar dos estímulos chineses, explicou Nantes.

“A melhoria da perspectiva de crescimento da economia chinesa pode atrair mais capital de investidores dedicados a mercados emergentes, competindo diretamente com capital que poderia ser investido no Brasil”, disse o head de renda variável do ASA.

Mariana destacou ainda outro impacto positivo na Bolsa: a melhor no sentimento global. “Setores que têm menos exposição direta à China podem ser favorecidos por essa melhora no sentimento global em relação ao crescimento econômico, o que poderia resultar em valorização de ações de diversos setores”, disse.

Embora o pacote chinês seja, de fato, uma boa notícia, Anderson Santos observou que os desafios na economia chinesa, especialmente no setor imobiliário, persistem e demandam atenção.

“A recuperação chinesa pode ser gradual, e o impacto pleno desse pacote de medidas pode levar tempo para se concretizar, especialmente se não houver um aumento significativo da confiança do consumidor e dos investidores locais”, afirmou Santos.

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