PEC da Transição desidratada anima mercado; entenda

Especialistas ouvidos pelo BP Money explicam ânimo do mercado após aprovação da PEC da Transição

O mercado se animou com as negociações e com a aprovação da PEC da Transição na Câmara dos Deputados, se mostrando mais desidratada, principalmente pela redução do prazo de ampliação do teto de gastos com o objetivo de cobrir despesas com o Bolsa Família e outros programas, que caiu de dois para um ano. 

“Os benefícios sociais ficando fora do teto de gastos somente por um ano eleva uma certeza com relação as contas públicas futuras, uma vez que, para 2023, ainda exista uma arrecadação um pouco maior do que o esperado, que pode cobrir essa diferença de gastos, mas já para os outros anos essa receita não é recente, então não temos como precifica-la dentro dos gastos públicos, por isso ter fora do teto somente por um ano acaba animando o mercado”, explicou Caio Canez de Castro, sócio da GT Capital, ao BP Money. 

Ainda de acordo com ele, o mercado passa a enxergar uma possibilidade mais factível de redução de taxa de juros para os próximos dois anos. 

“Essa redução nesse gasto público irá impactar positivamente na inflação. Tínhamos uma previsão um pouco mais alta por causa da grande injeção monetária, principalmente quando olhamos serviços e consumos das famílias, então essa redução ajuda a Selic nesse sentido”, afirmou Castro.

“O mercado ‘reprecifica’ todos os ativos por meio dessa mudança na curva de juros, então enxergamos algo positivo para a Selic e não mais aquela insegurança quanto ao risco fiscal”, completou. 

No entanto, para Ricardo Jorge, especialista em renda fixa e sócio da Quantzed, a proposta do governo eleito segue sendo um problema fiscal elevado, mesmo com a mudança no Congresso. 

“É uma decisão que não muda a dinâmica inflacionária e do risco fiscal, mas dado tudo que temos acompanhado, é uma notícia positiva, pois o governo teria menos tempo para gastar. No entanto, nada impede de que daqui a alguns meses esse tema volte a ser pauta e o governo peça mais prazo para continuar com toda essa despesa”, analisou Jorge. 

“Essa PEC desidratada trouxe, num primeiro momento, um alívio para os ativos de risco, mas é importante observarmos o contexto geral que é de uma despesa muito alta, de um risco fiscal elevado, e temos um ponto a ser levado em consideração que é não saber o que o governo pode fazer daqui a algum tempo. A melhora, para mim, ela é pontual, mas a estrutura continua bem adversa e difícil de ser administrada”, completou o especialista em renda fixa e sócio da Quantzed.

PEC desidratada enfraquece o dólar

No mercado de câmbio, a possibilidade de que o estouro do teto seja reduzido fez o dólar perder força. No pregão desta terça (20), fechou com queda de 1,93%, a R$ 5,20. Nesta quarta (21), às 14h (horário de Brasília), recuava 0,13%, a R$ 5,19.

“Esse movimento reflete no dólar, uma vez que o investidor estrangeiro se sente mais seguro para investir no Brasil. Outro fator importante no mercado internacional é ficar atento às próprias sinalizações feitas pelo Fed sobre o aumento da taxa de juros, então esses dois movimentos somados trazem uma redução no valor do dólar e, automaticamente, pode trazer uma entrada maior de dinheiro estrangeiro no País, fazendo com que o dólar recue”, explicou Castro. 

Ainda de acordo com ele, essa sinalização de maior equilíbrio fiscal trará novamente os investidores estrangeiros. 

“Com o Brasil demonstrando esse equilíbrio fiscal um pouco mais latente, com certeza volta a ser um dos portos seguros internacionais atualmente nos mercados emergentes. O mercado celebra essa PEC, uma vez que a gente volta a ter um pouco mais de previsibilidade na governabilidade e também nas contas públicas”, apontou o sócio da GT Capital. 

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