O aumento da percepção de risco no Brasil e a deterioção do mercado nas últimas semanas foi um tópico recorrente nos bastidores do FII Priority Summit, realizado no Rio de Janeiro.
Enquanto no palco do evento se destacava o potencial de investimentos no país, executivos na plateia expressavam preocupações sobre o pessimismo crescente nos mercados.
Banqueiros de investimento, que falaram ao Valor Econômico sob anonimato, mencionaram que os negócios têm se tornado mais complicados. No setor de fusões e aquisições (M&As), muitas negociações estão estagnadas.
Quanto às ofertas de ações, a possibilidade de lançamentos de IPOs ainda este ano se tornou mais improvável. Apenas uma das fontes considerou uma possível retomada após setembro, dependendo das decisões do Fed (Federal Reserve), banco central dos EUA, sobre os juros.
A privatização da Sabesp surge como uma das poucas ofertas certas no mercado de capitais, devido ao valor estratégico do ativo de saneamento, considerado a joia da coroa do Estado de São Paulo.
De acordo com uma das fontes, o clima no mercado se deteriorou especialmente nas últimas duas semanas, impactado tanto por fatores externos quanto por questões internas, como as incertezas em relação ao compromisso fiscal do governo.
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Duas fontes destacaram que o ambiente de negócios está desfavorável e que as sinalizações do governo estão desalinhadas.
Negócios de M&A travados
A percepção de um enfraquecimento do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, dentro do governo, também contribui para a apreensão. “Os investidores estrangeiros estão muito preocupados com o Brasil”, observou um banqueiro.
No setor de fusões e aquisições (M&As), as expectativas superam os negócios concretos. “Tem muitos MoUs [memorandos de entendimento] assinados, mas nada avança,” afirmou um interlocutor.
Outro especialista acrescentou que, enquanto o cenário não se esclarecer, o fluxo de recursos para o país permanecerá estagnado, travando os negócios.
Por outro lado, o mercado de ofertas de renda fixa no mercado de capitais está mostrando sinais positivos e pode atingir recordes, segundo uma das fontes.
As declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no início do evento também aumentaram o pessimismo, com participantes interpretando seus comentários como uma indicação de que o governo pretende aumentar os gastos.
