Fundada em 1999, por Marcio Waldman, a Petlove, um e-commerce de produtos para pets, surgiu com o nome de PetSuperMarket e tinha como objetivo dar acesso a uma série de itens voltados a pet e aos veterinários, de maneira democrática. A companhia passou a se firmar no cenário de comércio eletrônico de produtos pets após 2011, quando recebeu aportes importantes para realizar investimentos. No ano passado, a Petlove faturou R$ 800 milhões e pretende, em 2022, faturar entre R$ 1,1 bilhão e R$ 1,2 bilhão.
Em entrevista ao BP Money, Filipe Muniz Simas Botton, Head de Brand e Comunicações da Petlove, destacou que a empresa consegue gerar lucro e crescer em uma velocidade e ritmo acima da média desse mercado. Segundo Simas, a empresa tem interesse em abrir capital (mesmo que não seja um objetivo de curto prazo).
“Abrir capital não é uma questão de vaidade e, também, não é uma questão de captação ou de geração de liquidez para a empresa poder reinvestir. Estamos super bem capitalizados, fizemos uma rodada de captação no ano passado bastante relevante, então conseguimos investir forte em crescimento, sem precisar fazer um IPO, mas diria que, sim, temos interesse em abrir capital – principalmente para ganho de escala”, destacou Simas.
O Head de Comunicação da Petlove destacou que no momento em que a empresa abre capital não só tem uma reestruturação importante na gestão da empresa em si, e na governança, como também tem uma cobrança muito grande por resultados e crescimento de resultados. Por isso, a abertura de capital da companhia é algo para o futuro.
“A gente entende que precisa estar muito bem preparado nos modelos que estamos testando, e já validados, para assumir a próxima etapa. Hoje, experimentamos muito, mas, talvez, se a gente tivesse capital aberto, a gente não teria essa liberdade de arriscar e experimentar tanto”, disse Simas.
“A gente quer primeiro confirmar as teses de negócios que temos aqui, e, com elas se estabelecendo, aí com certeza a gente deve seguir para um próximo passo de abertura de capital, para expandir o modelo muito comprovado, muito bem estabelecido, e não numa necessidade de capitalizar. O IPO é uma consequência, não um objetivo”, destacou o porta-voz da Petlove.
De acordo com Simas, os objetivos da Petlove para o curto e médio prazo envolvem duas frentes: a primeira delas é estabelecer (para os donos de pets) a relevância de se ter um plano de saúde pet.
“Plano de saúde é, com certeza, uma das nossas apostas, assim como também aumentar ainda mais o pacote de benefícios para o nosso comprador recorrente, porque ele é a nossa vaca leiteira. É ali que a gente consegue girar o dinheiro mensalmente, então estamos trabalhando muito para tornar o comprador recorrente um cara especial dentro do nosso ecossistema. Estamos no Brasil com o e-commerce, mas ainda faltam muitas praças para serem abertas em saúde”, disse Simas.
O porta-voz da Petlove explicou que a questão da expansão em saúde de pet é muito mais complexa, já que é preciso ter uma clínica cadastrada em cada uma das cidades, com os equipamentos exigidos para procedimentos específicos na saúde dos animais. Por isso, é um processo um pouco mais lento.
“Em relação à rentabilidade, sem dúvida, onde a gente tem uma margem mais interessante é em saúde. Saúde é a nossa aposta. É um negócio onde, talvez, numericamente, em número de clientes, ele não seja tão impressionante quanto o e-commerce é, mas em termos de margem de contribuição, ele com certeza é. Estamos falando de um negócio de ultra recorrência”, afirmou Simas.
“A gente tem, hoje, 90 mil vidas seguradas e temos ambição de atingir 150 mil nos próximos meses e, pro ano que vem, a ambição fica maior ainda. Hoje a saúde não é tão relevante quanto o ecommerce no volume de dinheiro que movimenta, mas a margem de contribuição é muito relevante”, pontuou o porta-voz da Petlove.
Pandemia impulsionou mercado Pet (e a Petlove)
Simas contou ao BP Money que, durante a pandemia, a Petlove teve um crescimento orgânico grande, já que as pessoas ficaram mais tempo dentro de casa e, naturalmente, elas começaram a encontrar – no e-commerce – uma grande oportunidade de simplificar a vida e trazer conveniência.
“A gente atua no mercado que é 80% constituído de pequeno varejo, que é o Pet Shop de bairro. Então grande parte das pessoas ainda têm o hábito de comprar nos pet shops de bairro e, pós-pandemia, o que aconteceu? Os pet shops de bairro acabaram fechando ou acabaram se limitando em horário de serviço. As pessoas acabaram tendo uma afinidade muito maior por essas compras à distância, no e-commerce e nos aplicativos, o que facilitou muito pra gente, porque a gente não precisa investir muito em crescimento”, destacou Simas.
Segundo Simas, a pandemia fez com que os consumidores fossem um pouco mais inovadores no mercado pet. “Como elas começaram a tomar esse caminho da inovação, acabaram encontrando a gente e outros vários players também de outros segmentos, indústria, etc. Para a gente, foi um processo de aceleração, vamos dizer assim, da penetração de parte do consumidor pet no ambiente on-line”, disse Simas.
A pandemia de Covid-19 impulsionou a adoção e aquisição de pets em lares brasileiros, devido ao sentimento de ausência de encontros e eventos sociais. Somente no primeiro semestre de 2020, a procura por adoção de animais aumentou 400%, segundo a União Internacional Protetora dos Animais (UIPA).
“As pessoas começaram a adotar pets, e aí, estando com o pet todo dia, o dia inteiro dentro de casa, você acaba encontrando outras coisas para gastar com ele, não somente o que seria o básico, comum de quem tem um cachorro ou um gato que vê de manhã e no fim do dia, quando volta para casa. As pessoas vão se interessando por novos produtos para os pets e ficam mais sedentas por compras”, disse Simas.
De acordo com o Head de Brand e Comunicações, neste “pós-pandemia”, naturalmente, a Petlove teve um “esfriamento”, porém as vendas continuaram vindo fortes, devido a fidelização dos clientes.
“A gente conseguiu manter um ticket médio, graças à fidelização que a gente conseguiu fazer nessa clientela. Não houve uma perda de grande parte dos usuários”, disse Simas.
A Petlove atua, hoje, em todo Brasil. Perguntado sobre as possibilidades da empresa expandir suas operações para fora do cenário doméstico, Simas afirmou que este não é um objetivo da companhia (ao menos pra agora).
“Não temos operação internacional. Hoje não é uma estratégia, não é algo que estamos mirando, acredito que seja uma oportunidade que possamos abocanhar assim que estivermos em um estágio um pouco mais maduro da nossa operação aqui. Uma vez que a gente estabeleça bem uma regra de sucesso para operar em todas as frentes de negócio, não tenho dúvida que a gente possa se interessar em sair do Brasil, mas – definitivamente – não é um foco da empresa”, finalizou o porta-voz da Petlove.