A Petrobras apresentou uma alta de 18,3% em seu valor de mercado, ao registrar salto de R$ 373,4 bilhões em dezembro de 2020 para R$ 442 bilhões em 3 de fevereiro de 2022, apontam dados da Economática. O valor foi impulsionado pelo avanço no preço do barril de petróleo e também do dólar.
As ações da Vale, por sua vez, uma das maiores empresas da B3 – juntamente com Petrobras- apresentou ganhos de 10% desde o começo do ano; além de registar o maior patamar para o papel desde agosto de 2021 na semana passada, quando subiu 2,44%, sendo cotado a R$ 90,13.
Pedro Queiroz, Head de renda variável da BP Money, explica que apesar das empresas apresentarem preços favoráveis, estão atreladas a riscos inerentes. “A atenção deve ser dada para um fato importante. A Petro é uma das empresas mais baratas, assim como a Vale, mas o que vemos é um grande risco geopolítico entre a Rússia e a Ucrânia. Uma crise geopolítica poderia aumentar ainda mais o preço do Brent”.
A disparada das gigantes do commoditie é decorrente das elevações no barril de petróleo, que vem batendo altos recordes desde o início do ano. Nesta segunda-feira (14), o barril de petróleo chegou a uma máxima de sete anos, com o barril de Brent chegando a ser negociado a US$ 96,16 (R$ 504,84), o valor mais alto desde outubro de 2014, de acordo com informações da Reuters.
As tensões Rússia-Ucrânia ajudaram a inflar os preços do petróleo nas últimas semanas. A Rússia é o segundo produtor mundial de petróleo e gás natural, perdendo apenas para os Estados Unidos em cada categoria. Também há o risco de o presidente russo, Vladimir Putin, retaliar, armando as exportações de petróleo e gás natural. Os preços mais altos do gás natural na Europa aumentariam a demanda por petróleo, à medida que fábricas e usinas de energia migrassem para o petróleo.
“No caso da Vale a questão ainda existe da mesma forma, só que, além disto, a companhia também pode ser afetada pelo fato de que a China, que é responsável por boa parte do minério da Vale, está alinhada à Rússia nesta crise geopolítica” explica Quiroz. Desta forma, qualquer movimento negativo pode gerar uma interrupção nas exportações dos principais produtos, colocando em risco o equilíbrio do mercado.
Somado a isto, o especialista destaca que o Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) está se preparando para aumentar as taxas de juros, de acordo com a atualização da política financeira. A inflação em alta está aumentando a pressão sobre a autarquia monetária norte-americana para tomar medidas drásticas para controlar os preços.
Os fatores tendenciosos negativos para a Vale e Petro parecem não terem fim. Acrescenta-se a equação o cenário político instável em boa parte do ano, marcado pelas dificuldades impostas pela pandemia e as incertezas fiscais, que também são fatores de peso para a volatilidade do mercado, impulsionando o valor do dólar. A valorização expressiva da cotação norte-americana potencializou as perdas destas companhias. “A elevação dos juros estadunidenses acaba afetando não só os países emergentes, mas também o câmbio”, destaca o Head de renda variável.
Ao mesmo tempo, os acionistas também seguem atentos à alta da inflação. No Brasil, a 10,38% em janeiro acima dos 10,06% observados nos 12 meses imediatamente anteriores, enquanto o Banco Central, por meio da taxa Selic, tenta controlar a decolagem do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo).
Por fim, o especialista prevê que os resultados da Petrobras e Vale, que estão previstos para ser divulgados nos dias 23 e 24 respectivamente, devem apresentar bons resultados, com a aposta de que a Vale consiga um desempenho superior.
Embora as companhias estejam se apresentando barateadas para o mercado de ações, Queiroz salienta a necessidade de haver um escudo sobre estas aplicações. “Apesar de ambas serem boas e baratas, é importante ter uma proteção para essas empresas”, afirma. Um bom assessor deve apresentar uma assistência para o investidor entender como preservar seus ativos. Por isso, caro leitor, procure o seu assessor.