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Petrobras: defasagem pressiona; lucro e dividendos podem ser afetados

“A diminuição na rentabilidade e a incerteza sobre a política de preços podem provocar vendas de ações e pressionar preços", disse analista

Foto: Agência Brasil
Foto: Agência Brasil

A defasagem nos preços praticados pela Petrobras (PETR4), em comparação com o mercado internacional, pressiona a estatal a realizar reajustes nos valores. Essa pressão ocorre, especialmente, porque o petróleo é uma commodity dolarizada.

“São dois fatores básicos que se somam: o preço do [petróleo tipo] Brent, que é a nossa referência, e o dólar, que disparou em 2024”, afirmou Felipe Sant’Anna, especialista em Mercado da Star Desk.

Diante disso, se os preços continuarem subindo no exterior, será imperativo reajustar os valores dos combustíveis praticados pela estatal. Porém, é importante ressaltar que manter os preços artificialmente baixos, em comparação aos pares internacionais, pode reduzir os lucros, as margens e, possivelmente, os dividendos, na avaliação de Sant’Anna.

Atualmente, a defasagem no diesel está em 21% e, na gasolina, em 12%.

“O investidor acompanha com muita atenção este ponto, pois, embora ninguém goste de aumento nos combustíveis, de nada adianta suportar a alta ao custo de prejudicar a empresa”, afirmou o especialista.

A tese referente aos lucros e, por consequência aos dividendos, foi reforçada pelo especialista da Ouro Preto Investimentos, Sidney Lima. Segundo ele, essa possível redução de lucro também pode diminuir o apelo da empresa para investidores que buscam rendimentos constantes.

“A diminuição na rentabilidade e a incerteza sobre a política de preços podem provocar vendas de ações, pressionando o preço das ações da Petrobras para baixo”, disse Lima.

Interferência governamental nos preços da Petrobras (PETR4) aumenta percepção de risco

É de conhecimento geral que essa “contenção” nos preços é uma iniciativa amplamente defendida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). “A interferência governamental na precificação dos combustíveis aumenta a percepção de risco, o que pode gerar volatilidade no mercado e afastar investidores, impactando ainda mais o valor das ações da empresa”, reforçou Sidney Lima, da Ouro Preto Investimentos.

Vale lembrar que a política do PPI (Programa de Parcerias de Investimentos), chamada de “abstração”, foi oficialmente extinta pelo ex-presidente da petroleira Jean Paul Prates em maio de 2023 pelo executivo. A política foi mantida durante a gestão de Magda Chambriard.

O PPI considerava a cotação do petróleo e derivados no Golfo do México, bem como o dólar e os custos de frete, que não se aplicam à produção da Petrobras.

Mesmo sem reajuste, cotação da ação se mantém forte

Mesmo com esse cenário repleto de dualidades, as ações da estatal seguem fortes, apoiadas, especialmente, nas altas do petróleo. Grande parte desse avanço na commodity se deve aos receios envolvendo os conflitos que se intensificaram no Oriente Médio.

Recentemente, as altas nos preços internacionais do petróleo foram influenciadas pelas preocupações com a Rússia. Na última sexta-feira (13), o Tesouro dos EUA anunciou novas e abrangentes sanções sobre o setor energético russo, incluindo grandes petroleiras da região, como Gazprom Neft e Surgutneftegaz. O movimento faz parte dos esforços para pressionar Moscou em sua guerra contra a Ucrânia.

Mesmo com o preço do barril do petróleo tipo Brent oscilando para cima recentemente — em torno de US$ 80,00 —, as previsões apontam para estabilidade ou queda em 2025.

Esse cenário segue impulsionando os preços do petróleo e, consequentemente, a cotação das ações da Petrobras.

Além disso, o CEO da gestora Multiplike, Voleni Eyng, aponta que outro fator que beneficia as ações da estatal é o foco em ganhos operacionais e previsibilidade em sua política de preços. “Essa postura estratégica, aliada à solidez financeira da empresa, tem fortalecido a confiança dos investidores”, afirmou Eyng.