Temporada de balanços

Petrobras (PETR3): analistas preveem aumento de receita e desafios no lucro no 2T24

A forte geração de caixa e os robustos pagamentos de dividendos são esperados, refletindo a resiliência da empresa em um cenário econômico desafiador, avaliam especialistas

Petrobras
Petrobras / Foto: Agência Petrobras

A Petrobras (PETR3; PETR4) se prepara para divulgar nesta quinta-feira (8) o balanço do segundo trimestre de 2024 (2T24). Analistas e especialistas do mercado financeiro antecipam uma mistura de resultados, com aspectos positivos e negativos afetando os números da estatal.

A expectativa é alta, com diversos fatores influenciando o desempenho da companhia, como a alta do dólar, variações nos indicadores de produção e um recente acordo tributário.

Em resumo, a Petrobras deve apresentar resultados mistos no 2T24, na visão dos especialistas ouvidos pelo BP Money. Enquanto a receita e o EBITDA devem mostrar crescimento, o lucro líquido pode sofrer uma queda significativa devido a impactos tributários.

A forte geração de caixa e os robustos pagamentos de dividendos são esperados, refletindo a resiliência da empresa em um cenário econômico desafiador. O mercado aguarda os detalhes do balanço para avaliar o impacto desses fatores nos resultados financeiros da companhia.

Impacto da alta do dólar

A recente valorização do dólar frente ao real teve um impacto significativo nas operações e nos custos da Petrobras.

O CEO da Vincit Capital, Ricardo Matte, explica que, a alta do dólar tem impactado as operações e os custos das empresas nesse segundo trimestre.

“A desvalorização cambial contribui para o aumento do EBITDA da Petrobras, apesar do impacto nas operações e nos custos, pois a empresa exporta muito petróleo precificado em dólar.”

Portanto, enquanto os custos operacionais aumentaram, as receitas de exportação também foram beneficiadas.

Indicadores de produção da Petrobras

Os relatórios de maio indicaram quedas nos indicadores de produção da Petrobras. No entanto, no 2T24, houve uma estabilização e até uma leve recuperação.

Hulisses Dias, especialista em finanças e investimentos, observa que, no 2T24, a Petrobras experimentou uma estabilização na produção, com uma leve alta em comparação ao mesmo período do ano anterior.

“A produção média foi de 2,7 milhões de barris de óleo equivalente por dia (boed), representando um aumento de 2,4% em relação ao 2T23.”

Contudo, houve uma ligeira queda de 2,8% em relação ao primeiro trimestre de 2024 devido a paradas para manutenção e declínio natural de campos maduros.

Fluxo de Caixa

A Petrobras deve continuar apresentando um fluxo de caixa positivo. Ricardo Matte destaca que o aumento da receita e a desvalorização cambial vão contribuir para isso.

“Porém, o aumento no volume do pagamento de dividendos e o aumento do capex pode afetar a disponibilidade de caixa futuro. Mas para esse trimestre, a tendência é que se mantenha positivo, afirma Matte.

Hulisses Dias complementa que é esperado, “uma continuidade na forte geração de caixa e pagamento de dividendos robustos, na casa de US$ 2,8 bilhões.”

Desempenho financeiro da Petrobras

Em termos de desempenho financeiro, as expectativas são variadas. Ricardo Matte prevê um aumento esperado na receita de cerca de 9,8%, com um EBITDA ajustado aumentando entre 10% e 14,7%.

No entanto, Matte alerta que o lucro líquido deve registrar uma queda significativa, entre 41,6% e 61%, devido a um recente acordo tributário. Este acordo, firmado com a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN) em junho, envolveu o pagamento de R$ 19,8 bilhões para resolver litígios fiscais relacionados à tributação de remessas ao exterior.

Expectativas para o 2T24

Anderson Santos, especialista em mercado de capitais e sócio da Matriz Capital, prevê resultados positivos.

“A empresa tem superado as estimativas de produção, com ramp-ups mais rápidos nas plataformas mais recentes, como o Almirante Barroso no campo de Búzios. Esse desempenho elevado contribui para uma maior geração de receita e dilui os custos fixos, resultando em menores custos unitários de produção”, explica Santos.

Ele acrescenta que a alta dos preços do Brent também tem sido favorável para a receita da Petrobras, contribuindo para um balanço financeiro robusto.