A demanda crescente por gás natural no Brasil está levando a Petrobras (PETR3; PETR4) a considerar a possibilidade de retomar investimentos na Bolívia. Em 2007, a Bolívia alterou as regras contratuais com as petroleiras que operavam em seu território, o que causou um afastamento da petroleira na época.
No entanto, dada a necessidade de aumentar a oferta de gás no mercado brasileiro, a Petrobras está reavaliando a possibilidade de investir novamente na Bolívia.
De acordo com o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, conversas já estão acontecendo com o governo do país vizinho e é possível um acordo para a volta dos investimentos da estatal brasileira.
Mudança contratual
Vale lembrar que, durante o governo de Evo Morales, em 2007, a Bolívia tomou uma decisão unilateral de mudar os contratos com as petroleiras atuantes no país, incluindo a Petrobras, o que desestimulou significativamente o investimento das empresas no setor.
Nesse sentido, a medida impactou negativamente o desenvolvimento das reservas de gás bolivianas, que permaneceram praticamente estagnadas desde então, com um volume de cerca de 11 trilhões de pés cúbicos (FTCs).
Além disso, a mudança contratual resultou em uma significativa redução da participação das petroleiras nos lucros obtidos pela produção, ficando apenas com 1% do total. Essa situação pode estar sendo reavaliada agora, dado o aumento da demanda por gás no Brasil e o interesse da Petrobras em retomar investimentos na Bolívia.
Novas medidas da Petrobras
“O goverment take (parte do governo) de lá é de 99%, sobra só 1% do lucro para o contratado, é um contrato de serviços. Então em termos fiscais, para todo mundo ficou um pouco agressivo e desinteressante”, explicou Prates ao Broadcast, do Grupo Estado.
“A gente quer conversar sobre os termos fiscais e contratuais que nos permitam investir novamente na Bolívia. E depois, vamos discutir questões operacionais mesmo, as regiões, o interesse das áreas do ponto de vista geológico”, adicionou.
Prates descartou qualquer via ideológica nas ambições da Petrobras. Segundo ele, as reservas da Bolívia “são as mais alcançáveis do que em qualquer país e já existe uma infraestrutura amortizada, o Gasoduto Bolívia-Brasil (Gasbol), que está sendo subutilizado”.