Depois de anunciar um lucro 3.718% maior do que o registrado no mesmo trimestre de 2021, no 1T22, e comunicar a aprovação da distribuição de R$ 48,5 bilhões em dividendos, a Petrobras (PETR3;PETR4) balançou o mercado financeiro. O lucro da estatal, alinhado aos proventos anunciados, fizeram investidores pensar se este é o momento para comprar ações ou vender (para quem já tem), aproveitando a tendência de alta. Por isso, o BP Money conversou com três analistas do mercado financeiro, a fim de saber as perspectivas para a empresa e as recomendações dos papéis para curto, médio e longo prazo.
Apesar de não discordarem sobre o momento da companhia, que é bastante favorável, os analistas consultados pelo BP Money divergiram sobre os papéis da empresa no médio e longo prazo. Para Fabio Louzada, analista de investimentos CNPI e CEO da “Eu me banco”, o curto prazo das ações da Petrobras tem boas expectativas, porque a petroleira ajustou, fortemente, os seus preços, em março, o que significa uma maior contribuição do aumento de preços no lucro do segundo trimestre em relação ao primeiro. Já para o médio e longo prazo, a história muda.
“Para o médio e longo prazo é importante ressaltar que em outubro teremos eleições e um dos temas mais debatidos será a política de preços da Petrobras. Esse lucro altíssimo contribui para aumentar a discussão em torno do tema, e gerar mais pressão para a Petrobras mudar essa política. Por isso, eu não sou otimista com a Petrobras no médio e longo prazo”, disse Louzada.
“Por isso, nesse momento, eu prefiro ficar de fora da ação da Petrobras. Se tivesse que escolher apenas entre comprar ou vender, eu venderia”, complementou.
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O analista de research da Ativa Investimentos, Ilan Arbetman, tem uma visão diferente sobre a empresa, acreditando em seu potencial durante este ano inteiro.
“Falando um pouquinho de petróleo, a gente crê que os preços vão continuar sustentavelmente altos. Vemos dificuldade por parte dos países membros da Opep em cumprir com suas metas e do lado da demanda a gente vê perenidade. Essa resiliência na demanda e a fraqueza na oferta tendem a fazer com que os preços do petróleo sigam fortes, e aí, pra quem tem vantagens comparativas como a Petrobras, isso é um prato cheio”, explicou IIan.
O analista afirma que a Ativa Investimentos tem recomendado compra para os papéis da Petrobras. “A gente vê o papel muito descontado perante aos pares, gerando caixa bem forte e distribuindo dividendos. Então gostamos do case no momento”, afirmou.
Sidney Lima, analista da Top Gain, citou uma possível volatilidade das ações, considerando que 2022 é um ano eleitoral, e o debate político ao redor da política de preços da Petrobras deve se intensificar nos próximos meses.
“Se existe uma certeza é que teremos muita volatilidade no meio do caminho, principalmente em ano eleitoral. A princípio acredito que o investidor deve avaliar o tempo proposto para esse investimento e se está disposto a passar por um momento de incertezas. Se considerarmos os indicadores fundamentalistas, estamos negociando a empresa em níveis de preço aceitável se comparado ao lucro proposto nos últimos resultados. Sendo assim, se a proposta for um investimento longo, e estiver disposto a variações devido à influência política, acho válido o investimento”, disse Lima.
O analista da Top Gain destacou que a Petrobras continua sendo uma boa oportunidade, se o foco do investidor é o pagamento de dividendos. Entretanto, ele afirma que não se limitaria a somente isso ao pensar neste investimento.
“O valor (do dividendo) é descontado do preço da ação. Contudo, ela continua sendo uma das melhores oportunidades para pagamento de dividendos, e creio ser difícil que ela perca esse posto esse ano”, afirmou.
Para o curto prazo, o analista vê a empresa seguindo o mesmo ritmo de gestão que tem sido imposto nos últimos meses, se beneficiado do contexto internacional. Já para o longo prazo, a ideia de investimento na estatal também pode ser considerada, segundo ele.
“Pra longo prazo, seria uma das melhores apostas de investimento existentes, considerando a dependência mundial ao produto que ela produz. Petrobras continuará sendo a mesma no longo prazo”, afirmou.
Resultados da Petrobras aos olhos dos analistas e perspectivas para os próximos meses
Apesar do ótimo lucro reportado, os analistas, consultados pelo BP Money, destacaram alguns pontos importantes ao analisarem o balanço da companhia. A redução da dívida líquida em 31,4% frente o mesmo período do ano anterior deixou os investidores ainda mais animados com a empresa, segundo eles. Além disso, a maior participação do óleo oriundo do pré-sal também foi fundamental para que as margens da Petrobras fossem potencializadas, segundo os especialistas.
“Ela potencializou seu mix de vendas com uma maior porcentagem do óleo vindo do pré-sal”, disse o analista Ilan Arbetman.
Já para Fabio Louzada, existem diversos fatores para esse salto nos resultados da companhia. Ele destaca, em primeiro lugar, a alta do petróleo internacional.
“O Brasil precisa reajustar os preços acompanhando essa alta do petróleo – o que encarece o valor da commodity nacionalmente. Com esse reajuste de preço, e mantendo o custo de produção (vale lembrar que a mão de obra e custos de extração da Petrobras são em reais), a Petrobras consegue lucrar mais e ter uma alta geração de caixa”, explicou Louzada.
Esse resultado sólido da Petrobras se dá pela estratégia em focar na atividade core da empresa e continuação da política de desinvestimentos. Isso possibilitou que a empresa pagasse as suas dívidas, gerasse caixa e desse um ótimo retorno para os acionistas.
Complementando este pensamento, Ilan Arbetman fala sobre a importância da empresa manter os preços ajustados seguindo o mercado internacional.
“Para o investidor é ótimo que a Petrobras siga os preços de mercado, já que o objetivo de todo e qualquer investidor é que a empresa continue reportando lucro. Caso se mantenha fiel a proposta, com certeza teremos uma continuidade dos resultados satisfatórios da empresa, seja pelo volume de vendas ou pelo preço da commodity”, disse o analista.