O diretor de Processos Industriais e Produtos da Petrobras (PETR3;PETR4), William França, indicou que o avanço das conversas para uma parceria com a Unigel e a consequente retomada da produção das fábricas da companhia na Bahia e em Sergipe.
“Diante da nova disponibilidade para analisar a questão dos fertilizantes, estamos negociando para juntar esforços com eles”, afirmou França na última sexta-feira (4), durante apresentação dos resultados da companhia.
As fábricas de fertilizantes da Petrobras em Camaçari (BA) e Laranjeiras (SE) foram arrendadas à Unigel durante o governo de Jair Bolsonaro, em contratos de dez anos. A administração anterior da companhia havia decidido deixar o segmento.
Questionada pela reportagem da BP Money sobre o estágio das conversas com a estatal, a Unigel informou que tem acordo de confidencialidade assinado junto à Petrobras e, portanto, não comenta negociações em andamento.
Unigel cobra Petrobras e ameaça demissão em massa
Em mensagens que o BP Money teve acesso, a Unigel cobra uma posição da Petrobras em relação às unidades da empresa em Camaçari (BA) e Laranjeiras (SE).
Segundo o documento, que tem data do dia 27 de julho, a Unigel reforça que precisaria de uma posição da Petrobras até o dia 31, sob o risco de demissões nas duas unidades.
Nas mensagens, a empresa alega que foi obrigada a parar as atividades da unidade de Sergipe no dia 1º de abril e a da Bahia em 6 de junho. No dia 20 de junho, tiveram início os desligamentos na unidade sergipana, porém, neste mesmo dia, a Petrobras solicitou a suspensão das demissões, por que tinha uma proposta para que a Unigel não tivesse mais prejuízos em sua operação.
Dois dias depois, a estatal apresentou uma proposta de “Tolling”, que consiste em converter o gás natural em ureia e amônia e em contrapartida a Unigel não faria demissões nestas unidades. Depois de cinco semanas a promessa não se concretizou e a Unigel manteve os funcionários.
As empresas se reuniram na semana passada e diferente do que alegou a Petrobras, que avaliou a operação como onerosa, a Unigel defendeu que o preço da ureia teve forte elevação no mercado brasileiro e internacional de US$ 270/t para US$ 400/t, o que, segundo a empresa, significa um volume mensal estimado de 80.000 t e aumentaria o faturamento em mais de US$ 10 milhões mensais.
A Unigel reforça ser “urgente” uma definição até a sexta (28), já que a proposta foi entregue um mês antes, no dia 28 de junho. “Caso não haja esta decisão, seremos forçados a realizar as demissões já na segunda-feira (31), prazo limite para não incidir em multa demissional”, diz um trecho do comunicado.
A Unigel ainda afirma que fez todo esforço para manter as operações, ação esta que custou a “deterioração de sua situação financeira”. A empresa ainda diz que reativou em julho, “com grande sacrifício”, a produção na Bahia a pedido do Ministério de Meio Ambiente “para que o Brasil não ficasse desabastecido de ARLA-2 (produto fundamental e de uso obrigatórios em todos os motores a diesel), evitando o colapso no transporte de carga no Brasil.
“A demissão dos colaboradores, além do grande impacto social, acarretará numa grande dificuldade para o Brasil retomar novos projetos nesta área pela perda de conhecimento decorrente”, pontuou.
Procuradas, a Unigel disse que não iria comentar sobre o assunto. A Petrobras não respondeu.