O Conselho de Administração da Petrobras (PETR3;PETR4) informou na noite da última sexta-feira (28) que aprovou sua nova política de dividendos. Com a mudança, o provento trimestral da estatal estabelecido passou a ser de 45% de seu fluxo de caixa livre, abaixo dos atuais 60%, isso quando a dívida bruta da empresa estiver abaixo de US$ 65 bilhões.
Segundo Dierson Richetti, especialista em mercado de capitais e sócio da GT Capital, apesar da alteração, a política de proventos da Petrobras ainda continua vantajosa para os investidores. O economista explicou ao BP Money que o ajuste promovido pela estatal surpreendeu positivamente o mercado e ainda trouxe algumas surpresas.
“A política de dividendos da Petrobras ainda continua vantajosa. Com a mudança da política de proventos, o mercado imaginou que a empresa pudesse cortar para 40% o pagamento dos lucros, algo que não acabou ocorrendo. Houve um reajuste menor do que o esperado”, disse.
“Além disso, no comunicado, a Petrobras anunciou que também foi aprovada a recompra de ações, algo que irá fazer com que os investidores recebam mais dividendos em virtude do menor número de ações que existem no mercado”, acrescentou Richetti.
Já na visão de Ricardo Schweitzer, CEO da consultoria Ricardo Schweitzer, a mudança na política de dividendos acende um alerta vermelho para os investidores, pois a Petrobras está sinalizando que irá dar prioridade à realização de investimentos e não ao pagamento de proventos.
“A nova política de dividendos da Petrobras privilegia a realização de investimentos ao pagamento de proventos. Com uma provável aceleração dos investimentos à frente, é de se esperar que os proventos diminuam, o que faz com o que o histórico recente de pagamentos não seja uma boa base para formação de expectativas dos proventos futuros”, explicou Schweitzer.
Com essa mudança, ainda vale investir na Petrobras (PETR4)?
De acordo com Schweitzer, há empresas de petróleo na Bolsa mais seguras que a Petrobras. Segundo ele, existem fatores, além da mudança na política de dividendos, que incentivam o investimento em outros papéis do setor petrolífero, como a manutenção artificial dos preços dos combustíveis por parte da estatal.
“A Petrobras não está no meu rol de recomendações, principalmente por conta dos riscos de ingerência política, que têm se materializado principalmente na manutenção de preços de combustíveis em patamares artificialmente baixos e prejudiciais aos resultados da empresa. Para quem visa especificamente proventos, penso que existem opções muito melhores”, pontuou.
Jansen Costa, sócio fundador da Fatorial Investimentos, assim como Schweitzer, avalia que há outras empresas de petróleo mais seguras e dinâmicas que a Petrobras no momento.
“Acho que tem outros ativos na Bolsa que poderiam ser levados em consideração no momento, que não têm tanto controle estatal em cima dos resultados. A Petrobras, por exemplo, está operando com um preço de combustível defasado em 22% em relação ao exterior, algo bem ruim”, argumentou Costa.