A manhã desta segunda-feira (31), pós-eleições presidenciais, começou agitada, após um grupo de caminhoneiros iniciar uma paralisação nas rodovias. Os protestos ocorrem em ao menos 12 estados e são contra o resultado da eleição, que teve Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como vencedor. Algumas rodovias foram bloqueadas desde a noite do último domingo (30). Apesar do susto, especialistas destacam que a Petrobras (PETR4) não deve ser afetada por essa greve, diferentemente do que aconteceu em 2018.
Em 2018, a Petrobras teve de anunciar a redução de 10% no preço do diesel nas refinarias, por 15 dias, além de congelar os preços durante o mesmo período. As medidas tomadas em detrimento da greve afetaram a empresa, inclusive na bolsa de valores de São Paulo (B3).
Desta vez, entretanto, a greve deve ter um efeito quase nulo na Petrobras, segundo especialistas. O sócio da GTI, Rodrigo Glatt, afirmou que em 2018 a greve era “totalmente diferente” da atual.
“Acho que boa parte das reivindicações que existiam na época foram atendidas em prol dos caminhoneiros. Hoje estamos vendo outra motivação, então acho que o efeito em si, do que estamos vendo hoje para a Petrobras, logo depois da eleição, é muito pequeno”, disse Glatt.
“Estamos vendo a queda das ações da Petrobras hoje muito mais em função do cenário eleitoral do que da greve dos caminhoneiros. Então a relevância disso hoje é bem diferente e muito menor do que a que teve em 2018”, completou o especialista em investimentos.
Petrobras despencou na greve
À época, a Petrobras despencou 15% em um único dia. Glatt destacou, entretanto, que se houver uma extensão dessa greve, equiparando-se a que ocorreu em 2018 vai afetar, principalmente, a cadeia de logística.
“Hoje, com a volta da economia melhor do que naquela época, teremos uma pressão popular maior para que esse problema seja resolvido, então a chance de ter uma greve com a mesma proporção de que tivemos em 2018 é muito baixa”, disse o sócio da GTI.
Para Ricardo Mello, empresário e consultor de estratégia e investimentos, não existe nenhuma possibilidade dessa greve dos caminhoneiros afetar a Petrobras.
“A Petrobras teve uma queda muito grande no começo do pregão. Esse tipo de movimento tem muito mais a ver com quem ganhou as eleições. Essa greve é super pontual e está relacionada aos apoiadores de Bolsonaro que não gostaram do resultado da eleição”, afirmou Mello.
“É uma questão pontual, vai mexer pouco com a economia, não deve ter quase nada de efeito na economia, e vai atrapalhar muito pouco as empresas”, acrescentou Mello.
O analista da Levante, Flavio Conde, também destacou que essa greve não impacta a Petrobras. “Poderia impactar se fosse uma greve de 10 dias, sem chegar combustível nos postos, mas isso não deve acontecer, então o mercado não precisa se preocupar”, afirmou o especialista da Levante.