Dúvida sobre qualificação

Petrobras (PETR4): indicações para diretoria preocupam mercado

A preocupação surge porque o cargo de CFO é o segundo mais importante na hierarquia corporativa da estatal, logo após o presidente

Petrobras/Divulgação
Petrobras/Divulgação

Os três nomes indicados nesta sexta-feira (14) para integrar a diretoria da Petrobras (PETR4) foram recebidos com cautela pelo mercado. A principal dúvida é se os indicados possuem as qualificações necessárias para os cargos.

Analistas consultados pelo Valor afirmam que a escolha mais preocupante é a de Fernando Melgarejo, atual diretor de participações da Previ, fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, para a posição de diretor financeiro da petroleira.

A preocupação surge porque o cargo de CFO é o segundo mais importante na hierarquia corporativa da estatal, logo após o presidente.

Tradicionalmente, a escolha da diretoria da Petrobras é uma atribuição do presidente-executivo. No entanto, historicamente, a estatal tem sido alvo de indicações políticas do governo e de partidos, uma prática que continua com o PT no poder.

Imediatamente após a publicação do fato relevante pela Petrobras na tarde desta sexta-feira (14), houve uma interpretação de que a escolha de Melgarejo seria de natureza política, dado que a atual administração da Previ tem proximidade com o Planalto.

Um exemplo dessa influência foi a sucessão do CEO da Vale, onde a Previ foi apontada nos bastidores, no início deste ano, como responsável pela tentativa de fazer o ex-ministro Guido Mantega presidente da mineradora—a escolha acabou frustrada, mas causou desgaste e desvalorização das ações da companhia.

No caso de Sylvia dos Anjos, indicada para a diretoria de exploração e produção da Petrobras, e Renata Baruzzi, para a diretoria de engenharia, analistas de bancos de investimento e consultorias manifestam receio de que ambas não possuam as habilidades de negócios exigidas para as diretorias-executivas da Petrobras.

Embora sejam nomes técnicos e funcionárias de carreira da estatal—um aspecto valorizado pelo mercado—, falta experiência corporativa a ambas.

Segundo uma das fontes ouvidas pela reportagem, Anjos e Baruzzi estariam desatualizadas em relação ao futuro da Petrobras. Anjos trabalhou 42 anos na Petrobras e está aposentada, enquanto Baruzzi está há 38 anos na companhia.

“Magda [Chambriard, CEO] está olhando para trás em vez de olhar para a frente. Ela [Magda] está procurando pessoas da época em que passou pela Petrobras, entre os anos 1980 e começo dos anos 2000”, disse uma das fontes.