Nas últimas semanas, a Petrobras (PETR3;PETR4) se envolveu em uma polêmica com o Ibama, que vem perdurando até agora. No meio de maio, o órgão governamental barrou o pedido da petroleira para realizar uma perfuração de teste no mar na região da Margem Equatorial Brasileira, a 560 km da Foz do Amazonas. Desde então, a companhia petrolífera tenta reverter essa decisão.
A região, considerada a nova fronteira petrolífera no Brasil, é uma das prioridades da estatal. Segundo estimativas do Ministério de Minas e Energia, há cerca de 10 bilhões de barris de petróleo recuperáveis. Ainda de acordo o MME, a área tem a capacidade de gerar US$ 56 bilhões em investimentos, além de uma arrecadação da ordem de US$ 200 bilhões.
Na avaliação de João Lucas Tonello, analista da Benndorf Research, mesmo que a Petrobras consiga reverter a decisão do Ibama, é improvável que os próximos balanços trimestrais da estatal sintam os impactos dessa exploração da Margem Equatorial.
“Em um primeiro momento, os próximos resultados da Petrobras não seriam afetados, pois ela estaria em fase de exploração inicial, determinando o tamanho das reservas e se elas são comercialmente viáveis. Somente após alguns meses ou anos que, caso tudo desse certo, a produção passaria a ser representativa o suficiente para impactar nos balanços da empresa”, explicou Tonello ao BP Money.
Caso a estatal brasileira consiga explorar a Margem Equatorial, João Abdouni, analista de commodities da Levante Investimentos, prevê um impacto negativo imediato nos próximos balanços da petroleira. O especialista argumenta que a empresa precisaria fazer muitos investimentos e arcar com muitos custos para estudar a área preterida.
“Para explorar a Margem Equatorial, a Petrobras precisaria fazer mais investimentos. Por conta disso, é esperado que os próximos balanços trimestrais devam ter uma piora, pois a companhia faria muito Capex para conseguir iniciar a fase de extração e, posteriormente, começar a vender este produto. Claro, se a operação funcionar, a empresa iria ter uma maior produção e com isso teria uma maior receita futura”, disse Abdouni.
E se a decisão do Ibama não cair?
Caso a decisão do Ibama a respeito da Margem Equatorial brasileira não seja revertida, Abdouni ainda relembra que a Petrobras possui uma série de regiões ainda inexploradas, que podem ser promissoras. Além disso, o analista relembra a própria região do pré-sal, onde a estatal ainda pode conseguir ainda mais reservas.
“Caso a Petrobras não consiga explorar a Margem Equatorial, ela ainda tem uma série de regiões ainda inexploradas, ou até mesmo a própria região do pré-sal, onde a companhia pode conseguir novas reservas ainda não apontadas como prováveis naquela região, por exemplo”, afirmou Abdouni.
“Além disso, a estatal também possui algumas alternativas para expandir a extração de petróleo, entre eles um projeto de se tornar uma operadora na Guiana, que recentemente descobriu uma reserva interessante de petróleo”, acrescentou o analista de commodities da Levante Investimentos.
Já na visão de Tonello, caso a decisão sobre a Margem Equatorial não seja alterada, a Petrobras pode mudar sua estratégia e focar na produção de energia limpa.
“Se não for possível explorar a Margem Equatorial, a Petrobras pode focar na produção de energia limpa, visto que o petróleo e seus derivados são um meio para gerar a energia utilizada em nosso dia a dia. É possível substituir nossos automóveis por automóveis elétricos, por exemplo, aumentando a demanda pela energia elétrica gerada pela empresa, em detrimento da energia advinda de combustíveis fósseis”, relatou o analista da Benndorf Research.