Petrobras (PETR4): corte da OPEP pode ser trunfo da estatal em 2023

A Petrobras deverá ser beneficiada pelo novo corte da OPEP+

A OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) anunciou, no último domingo (2), um corte de mais de 1 milhão de barris de petróleo por dia, correspondendo a 3% da produção mundial. De acordo com os analistas consultados pelo BP Money, a decisão da entidade poderá beneficiar as ações e os próximos balanços trimestrais da Petrobras (PETR3;PETR4). 

“Eu acredito que esse corte acaba bagunçando a relação entre oferta e demanda. Se há diminuição da oferta e a demanda continuar a mesma, nós temos o processo de movimento de alta para a cotação do petróleo Brent. Como o negócio da Petrobras é produzir petróleo e derivados, ela acaba sendo precificada de acordo com seus parâmetros de lucro. Quando nós temos uma valorização da cotação do petróleo, subentende-se que ela vai acabar lucrando mais, valorizando seus papéis”, explicou Sidney Lima, analista da Top Gain.

De acordo com Vitorio Galindo, analista de investimentos CNPI e head de análise fundamentalista da Quantzed, o corte da Opep poderá impactar de maneira positiva os balanços trimestrais da estatal ao longo de 2023. O especialista explica que, ao passo que a medida da organização aumenta o preço do barril do petróleo, a companhia brasileira poderá apresentar resultados melhores neste ano. 

“O corte da OPEP é uma sinalização positiva para a oferta e demanda do preço do petróleo. Então isso pode, de certa forma, estabilizar o Brent em um patamar mais alto, igual nós estamos vendo agora, perto de US$ 80 o barril. Logo, quanto maior o preço do petróleo, naturalmente melhor o resultado da Petrobras. Então podemos esperar balanços trimestrais melhores”, disse Galindo

“Vale ressaltar que esse corte da OPEP não é uma garantia de que o preço do petróleo Brent vai ficar no patamar de US$ 80 para cima. Apesar de ser um corte relevante, ele não é nenhum game changer. O preço do barril poderá cair se passarmos a ver uma queda na demanda ou se outros players aumentarem a oferta de petróleo”, reiterou o head de análise fundamentalista da Quantzed.

Ricardo Brasil, fundador da Gava Investimentos, acredita que o corte da OPEP poderá ser fabuloso para os dividendos da Petrobras em 2023. O analista explica que, com o preço do barril disparando, a Petrobras poderá apresentar balanços trimestrais recordes, agraciando seus investidores com dividendos cada vez mais generosos, como foi em 2022. 

“No ano passado, a alta do petróleo fez com que a Petrobras tivesse um lucro fabuloso e pagasse dividendos grandes. Neste ano, caso o preço do barril de petróleo suba ainda mais com esse corte, quem sabe não podemos ter um novo recorde de dividendos, de faturamento de e lucro?”, questionou Brasil.

Corte da OPEP mudará a política de preços da Petrobras? 

Antes mesmo de assumir a presidência, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vem pedindo o fim do PPI (Preço de Paridade de Importação), política de preços adotada pela Petrobras. Com esse corte da OPEP, é esperado que os preços dos combustíveis subam, afetando toda a cadeia logística do País. Caso esse cenário seja criado, é esperado que Lula tente decretar o fim do PPI.

“Está claro que o Lula irá pressionar pelo fim do PPI para impedir o aumento dos combustíveis. Inclusive, já foi declarado pelo Ministro de Minas e Energia que será feito um novo modelo de precificação dos combustíveis. Caso isso não seja concretizado, o governo tentará atrasar os repasses ao máximo de forma que os preços praticados internamente tenham um grande desconto em relação aos preços internacionais”, afirmou João Lucas Tonello, analista da Benndorf Research.

Na quarta-feira (5), o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), anunciou que a Petrobras sofrerá alterações na sua atual política de preços. O ministro afirmou ao canal “GloboNews” que adotou diretrizes baseadas no mercado interno, e não no exterior.

“O tal PPI (Preço por Paridade de Importação) é um verdadeiro absurdo. Nós temos que ter o que eu tenho chamado de PCI, Preço de Competitividade Interno”, disse Silveira. A previsão é que as mudanças comecem a ser aplicadas após a próxima assembleia geral da estatal, marcada para o fim deste mês.

Apesar da pressão do governo Lula sobre o fim PPI, Galindo desacredita da possibilidade da Petrobras adotar uma nova política de preços, pois o presidente Lula precisaria quebrar uma grande quantidade de leis para atingir seus objetivos.

“O presidente pode reclamar e pressionar o quanto for, mas é improvável que ele consiga acabar com a atual política de preços. Atualmente há todo um arcabouço que resguarda essa manutenção dos preços, como as leis das estatais e o próprio estatuto da Petrobras”, relatou o analista da Quantzed.

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