Mercado

Petrobras (PETR4) se consolida e afasta fantasma de "risco governo"

Analistas ouvidos pelo BP Money indicam que as interferências do governo, até o momento, não trouxeram prejuízos pela companhia

Há um ano, quando o Brasil estava pegando fogo por causa da campanha eleitoral, um tema era bastante debatido nas rodas de conversas de investidores. Se Lula ganhar, as interferências do governo vão trazer prejuízos para a Petrobras (PETR4)?

As interferências aconteceram, e não foram poucas. Desde a alteração na política dos preços dos combustíveis, até uma escalada em investimentos, inclusive com possibilidade de reestatização, a petrolífera mudou radicalmente de modo de operar.

Ainda assim, as ações da companhia não se desvalorizaram, pelo contrário, cresceram cerca de 40% ao longo dos últimos 12 meses. Analistas ouvidos pelo BP Money indicam que o momento é bom para a estatal e que as interferências do governo, até o momento, não trouxeram prejuízos pela companhia.

“O fator mais importante é o pessimismo que as ações carregavam pré-eleição. A expectativa era de muita intervenção por parte desse governo na empresa, o que efetivamente aconteceu e não foi tão ruim quanto o mercado precificava e o mercado perdeu aquele grande medo que pairava sobre a ação foi dissipado. Agora o mercado começa a precificar outros fatores, como o preço internacional do petróleo, crescimento da economia brasileira, e as pautas ESG que impactam de maneira muito intensa as prospecções de novos campos da empresa”, avaliou o especialista em investimentos e finanças, Hulisses Dias.

Para Dias, a Petrobras é uma boa opção de investimento e cita alguns fatores que podem impactar os papéis da companhia. “Se o governo, através do Banco Central e também da sua política fiscal conseguirem controlar a inflação, isso vai gerar um uma queda nas taxas de juros futuros e isso consequentemente vai impactar as ações da Petrobras. Ou seja, a gente depende de uma combinação de fatores micro da empresa e também macro com relação ao governo. Tem também, na parte internacional,se a gente tiver um arrefecimento do conflito entre Rússia e Ucrânia, a diminuição das sanções em relação à Rússia, isso não seria tão favorável para a Petrobras. Lembrando que o mercado internacional está fechado para a Rússia que é um dos maiores produtores de commodity do mundo”, pontuou.

A ação ordinária da Petrobras (PETR3) liderou os ganhos do Ibovespa no pregão desta terça-feira (5), avançando 4,77%. A ação preferencial PETR4 também teve um bom rendimento, fechando com alta de 3,31%.

Precauções

Já o analista de investimentos do Andbank, Fernando Bresciani, faz uma retrospectiva dos últimos anos da estatal para lembrar que a Petrobras passou pelo prova de fogo da crise e conseguiu ressurgir das cinzas.

“A Petrobras passou o diabo no governo Dilma, se tornou extremamente alavancada, tivemos casos de corrupção, quase quebrava. Todo mundo viu isso e os investidores perderam um monte de dinheiro. Depois vieram os governos Temer e Bolsonaro, a criação da Lei das Estatais, sanearam e a empresa é hoje uma companhia muito sólida”, analisou.

Porém, Bresciana alerta para a direção que a companhia pretende tomar. Ele avalia que os rumos dos investimentos podem determinar o rumo das ações da Petrobras.

“As dúvidas ficam sobre o que o governo vai fazer do Capex, ou seja, a ideia de não investir em coisas são rentáveis, se o governo quer investir em tudo e não querem perder mais nenhum segmento ou nenhuma ativo da Petrobras. Então fica essa dúvida. A expectativa é de que o preço do barril se mantenha elevado. A Rússia e a Arábia Saudita já anunciaram cortes de produção e a gente sabe que tem o El Niño no mundo e podem se intensificar os furacões no Golfo do México. Então é um período no qual o preço do barril vai se manter elevado e isso é positivo para ela. Agora fica a dúvida sobre o quê o governo vai fazer no plano de Capex dela, porque se começar a investir em muitas coisas que não tenham tanto retorno, o mercado vai precificar isso”, finalizou.

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