Perdas para o governo federal

Petrobras (PETR4): União perdeu até R$ 12 bi com dividendos

Caso 100% dos R$ 43 bilhões de ativos fossem distribuídos, o governo federal ficaria com R$ 12 bilhões

Petrobras (PETR4
Foto: Adriano Eduardo de Lima / Agência Petrobras

A Petrobras (PETR4) enfrenta um dilema quanto a distribuição de seus dividendos extraordinários. Conforme apontou uma fonte da equipe econômica ao Valor Econômico, nesta segunda-feira (11), a arrecadação primária do governo federal aumentaria entre R$ 6 bilhões e R$ 12 bilhões com os dividendos da empresa. 

Os dividendos extraordinários da Petrobras são referentes ao quarto trimestre de 2023. A polêmica em torno da distribuição começou quando o presidente da companhia, Jean Paul Prates, afirmou que eles deveriam ser cautelosos com o pagamento. 

Além disso, na quinta-feira (7), o quadro negativo se intensificou quando a petroleira anunciou uma queda de 33% no lucro anual, junto com a aprovação, pelo Conselho de Administração, do não pagamento de R$ 43 bilhões de dividendos extraordinários. O governo federal teria direito a cerca de 28% desse total. 

Em um cenário hipotético, onde a Petrobras distribuísse 50% dos R$ 43 bilhões, desses, cerca de R$ 6 bilhões seriam destinados à União. Caso 100% dos ativos fossem distribuídos, o governo federal ficaria com R$ 12 bilhões. 

Petrobras (PETR4): ‘Lula não deu ordem sobre dividendos’, diz Prates  

O presidente da Petrobras (PETR4), Jean Paul Prates, afirmou que a decisão de postergar a distribuição de dividendos extraordinários aos acionistas não ocorreu por parte do presidente Lula.

Na última sexta-feira (8), a Petrobras (PETR4) registrou uma perda de R$ 55,3 bilhões em valor de mercado, decepcionando os investidores.

“O presidente não deu nenhuma ordem sobre a questão dos dividendos. Nós estamos discutindo isso com o acionista majoritário dentro dos espaços possíveis. Houve uma discussão a tempo do anúncio do balanço, havia necessidade de fechar o balanço. E foi definido que a gente adiaria a discussão”, disse Prates em entrevista concedida ao G1, nesta segunda-feira (11).

Os dividendos representam uma parte dos lucros da empresa que é compartilhada entre os acionistas durante a divulgação dos resultados de 2023. Entretanto, o balanço financeiro do ano passado, divulgado na quinta-feira (7), ficou aquém das expectativas do mercado.

Embora o Conselho de Administração da Petrobras (PETR4) tenha proposto o pagamento de dividendos extraordinários aos acionistas, ampliando a fatia dos lucros distribuída, os representantes do governo votaram contra a proposta, que acabou sendo rejeitada.

O presidente da Petrobras (PETR4) enfatizou que será necessário tomar uma decisão quanto aos dividendos, mas esclareceu que os dividendos extraordinários remanescentes de 2023 “não podem ser realocados para outro fim” e classificou a discussão como “espuma”.

“Ficamos com aquela decisão pendente. Os dividendos extraordinários, é bom que se diga, se distribuem 100% para os acionistas todos, inclusive o governo, que tem 37% disso, ou fica tudo numa conta de reserva. Eu parti com a diretoria para uma proposta intermediária, uma proposta de 50% a 50%. A gente divide uma metade, distribui, afinal esses acionistas também acreditaram na nossa gestão”, diz Prates.